Da exterioridade estruturalista do signo aos conceitos do círculo de Bakhtin e Gunther Kress

Záira Bomfante dos Santos,
Francis Athuso Paiva,
Clarice Lage Gualberto

Resumo

Neste trabalho, pretendemos lançar o olhar sobre a noção de signo dentro de algumas perspectivas linguísticas. Considerando que há uma robusta cartografia de fundamentos epistemológicos que tratam da significação, do sentido e por consequência o signo, enveredamos em algumas direções para tentar compreender como esse conceito e, consequentemente, a noção de língua são tratados em algumas perspectivas teóricas. No primeiro momento, trazemos uma reflexão sobre como conceito de signo pelo prisma do paradigma estruturalista, ancorando-nos nas ideias contidas em Saussure (2006) quando aborda aspectos como arbitrariedade, linearidade, mutabilidade e imutabilidade do signo. Em um segundo momento, discutimos como essa noção é abordada pelo Círculo de Bakhtin (Volóchivov, 2017), situando o rompimento com as orientações filosóficas do subjetivismo idealista e do objetivismo abstrato, trazendo, assim, a noção de signo para dentro da cena enunciativa, como produto da interação de indivíduos socialmente organizados, que emerge em contexto concreto e ideológico. Por fim, discutimos como as contribuições do Círculo de Bakhtin ressoam na Semiótica Social, proposta por Hodge e Kress (1988) e Kress (2010) ao tratar a noção de signo como motivado, não arbitrário e que se desdobra na materialização em outros modos semióticos e abre caminho para se pensar em uma síntese de perspectiva ontológica de produção de sentido. O mapeamento da abordagem do conceito de signo dentro dessas perspectivas linguísticas ressalta a importância de como esse conceito tem sido debatido e, hoje, em tempos pós-modernos, marcado por redes sociais, big techs como o fazer signo vai sendo vislumbrado.

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