Pazuello sob defesa de @direitasiqueira: Proposta para uma metodologia de análise de ações persuasivas de memes com base na TBS

Alvaro Magalhães Pereira da Silva,
Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade

Resumo

O presente artigo tem por objetivo propor uma metodologia para operacionalizar uma análise ancorada na Teoria dos Blocos Semânticos (TBS) ante ações persuasivas que se apresentam, ao menos em certo grau, ocultas em um tipo emergente de enunciação multimodal: os memes. Concebendo-se a persuasão conforme definida por Walton como a ação de provar uma tese, partiu-se do reconhecimento da significação da imagem contida em um meme em circulação. Tratando assim tal imagem como um signo, procurou-se, manter do signo a face do significado, reformulando-se a face significante. Passou-se, então, a representar a imagem por duas chaves, “{ }”, entremeadas pela palavra cuja significação é prefigurada pelo mesmo aspecto que prefigura a significação da imagem. Procurou-se, então, descrever o papel de tal signo no meme, tanto no nível diegético como no nível extradiegético. A partir da noção de explícito e de implícito desenvolvida pela TBS, concluiu-se que a imagem, admitida como signo, atua na construção explícita da prova no nível diegético e na construção implícita da tese no nível extradiegético. Espera-se, ao se propor a articulação dos subsídios teóricos da TBS com um enunciado de materialidade híbrida, contribuir, ainda que modestamente, para avanços metodológicos no âmbito da discussão sobre a argumentação multimodal

Introdução

Diante da significativa presença de matérias verbovisuais na circulação discursiva contemporânea, o presente artigo tem por objetivo introduzir a possibilidade de uma análise multimodal ancorada em proposições da Teoria dos Blocos Semânticos (TBS). Mais especificamente, pretende-se propor uma metodologia para a aplicação de noções da TBS acerca da implicitude na descrição de ações persuasivas que se apresentam, ao menos em certo grau, ocultas em um tipo emergente de enunciação de materialidade híbrida: os memes.

Com efeito, em redes sociais abertas ou fechadas, nas que congregam pequenos grupos de conhecidos com forte afinidade ideológica ou nas que reúnem pessoas com as mais diferentes visões de mundo, os memes surgem muitas vezes, com sua feição provocadora, como amparo à defesa deste ou daquele ponto de vista ou ainda como suporte à desqualificação de uma ou outra perspectiva.

Entretanto, essas admiráveis unidades do discurso contemporâneo são aparentemente mais associadas à brincadeira ou à zombaria que à persuasão. Certamente, os memes realizam também com bastante frequência, por meio de um humor lúdico, uma ação recreativa. Ocorre, porém, que tais ações não são excludentes, podendo um meme, a um só tempo, divertir e persuadir. O que, então, entenebreceria a sua ação persuasiva?

Antes de mais nada, é preciso pontuar que, ancorados nas proposições de Douglas N. Walton, tomamos a noção de persuadir como sinônimo de provar a própria tese (WALTON, 2012 [1989])1[1]. Distanciamo-nos, assim, na concepção do termo, das proposições de Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca, para quem a ideia de persuasão está relacionada a uma restrita amplitude do efeito pretendido pelo discurso argumentativo2, embora não deixemos de crer que, na prática, as enunciações que se valem de memes não costumem se voltar ao que os autores chamam de auditório universal3 (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005 [1958])[2].

Feito esse esclarecimento, podemos dizer acreditar que uma das razões de os memes terem obnubilada sua ação persuasiva se baseia no fato de que, como objetos postos em uso isoladamente do fio do discurso que integram, não raras vezes deixam no ar qual é efetivamente o embate que travam. Em outras palavras, se geralmente um meme entra em determinada enunciação como o único elemento de tal enunciação (seja ela um post de Facebook, Instagram ou Twitter ou uma mensagem de Whatsapp ou Telegram), sem que necessariamente o locutor enuncie nada antes ou depois que o prenuncie ou explique, acaba frequentemente implícita a tese a qual tal meme busca provar. E, consequentemente, enevoa-se também o estatuto de prova que tal meme possa ter.

A implicitude da tese, porém, não é o mesmo que sua ausência. Eis por que cremos ser relevante abrir caminho para que a TBS, sendo ela uma teoria com robusto aparato relacionado aos implícitos, pressupostos ou subentendidos, possa ser operacionalizada não apenas em enunciações de materialidade verbal, mas também de materialidade verbovisual.

Não se busca aqui equiparar a outras concepções de argumentação a noção de argumentação proposta por Jean-Claude Anscombre e Oswald Ducrot em estudos que resultaram na clássica obra L’argumentation dans la langue (ANSCOMBRE; DUCROT, 1983)[3], posteriormente reformulada por Marion Carel em sua tese Vers une formalisation de la théorie de l'argumentation dans la langue (CAREL, 1992)[4], que daria origem à TBS. Essa empreitada entraria em contradição com as proposições, elas mesmas, de Anscombre e Ducrot, corroboradas por Carel, considerando que os autores entendem a argumentação não como um processo justificatório a serviço da persuasão, mas como uma relação entre proposições estabelecida pela língua4.

Também não se busca contrariar, ao tratarmos memes – com suas materialidades híbridas – como enunciados, a concepção de enunciado delimitada por Ducrot ainda antes de Carel propor sua tese. Se é verdade que o autor definiu enunciado como a “manifestação particular” da uma frase (DUCROT, 1987 [1984], p. 164)[5], é verdade também que a frase obteve, na concepção de Ducrot, um estatuto de abstração tal que não pode, jamais, ser observada em si mesma5. Assim, não há incoerência em imaginarmos que, além de fonemas ou de fontes gráficas que constituem palavras, ao menos determinadas imagens possam também significar e, com isso, integrar frases manifestas em enunciações.

Destacamos que Carel mesmo chegou a afirmar, em entrevista a Julio Cesar Machado, que certa intuição a levava a crer que o que as imagens comunicam poderia ser “parafraseável, frequentemente, por encadeamentos argumentativos” (CAREL; MACHADO, 2016, p. 39)6[6]. É, aliás, a partir dessa capacidade de significar assumida por determinadas imagens que propomos, na parte analítica deste artigo, o passo que consideramos fundamental na operacionalização do aparato desenvolvido pela TBS ante enunciações híbridas tais como os memes.

Respeitando, então, as concepções de argumentação e de enunciado de Anscombre, Ducrot e Carel, o que se busca no presente artigo é, a partir de um pequeno corpus, apresentar como, a despeito da materialidade híbrida dos memes, é possível desenvolver uma metodologia a fim de, a partir de certas noções da TBS, descrever o mecanismo pelo qual a circulação de um determinado meme pode trazer, implícito nele mesmo, a tese da qual se pretende que ele seja prova, restaurando assim seu próprio estatuto de prova.

Para realizar o projeto, valemo-nos de uma publicação retirada da rede social Twitter em abril de 2021, na ocasião em que o ex-ministro da saúde Eduardo Pazuello, pouco mais de um mês após deixar a pasta em meio à pandemia do Coronavírus, foi fotografado em um shopping de Manaus sem cumprir a determinação local de utilizar máscara em lugares públicos. No próximo item, procuramos descrever nosso corpus e situá-lo dentro da concepção de meme. Em seguida, fazemos um breve relato das proposições mais recentes da TBS acerca dos implícitos. Logo depois, apresentamos nossa análise, amparada por uma metodologia que leve em conta a significação de imagens, para, finalmente, expormos nossas conclusões.

1. Um ,[object Object], em circulação

O termo meme foi proposto por Richard Dawkins em 1976, no último capítulo da obra O gene egoísta. Intitulado “Memes: os novos replicadores”, o texto procura delimitar um objeto que, embora não seja de ordem biológica (como o descrito pelo autor ao longo do livro), mas cultural, assemelha-se ao gene em sua capacidade de replicação. O biólogo vale-se, entre outros exemplos, de estudo a respeito dos cantos de pássaros, que se perpetuam não por questões genéticas, mas pelo fato de cada nova ave procurar imitar suas iguais. E acrescenta que tal reprodutibilidade comporta mutações, como no caso em que novos cantos surgem pela incapacidade de alguns pássaros produzirem imitações perfeitas. O conceito de meme, então, nasce analógico: Dawkins cita slogans e modas do vestuário como exemplos deles (DAWKINS, 2007 [1976])[7].

Partindo do estudo de Dawkins e revisando uma série de trabalhos que de alguma forma se debruçaram sobre a questão, Limor Shifman propôs, em sua obra Memes in digital culture (SHIFMAN, 2014)[8], uma já clássica concepção de meme de internet na qual nos ancoraremos. Na obra, a autora define memes de internet a partir de três predicados: “(a) um grupo de itens digitais que compartilham características comuns de conteúdo, forma e/ou postura, que (b) foram criados com consciência uns dos outros, e (c) foram circulados, imitados e/ou transformados via internet por muitos usuários”7 (SHIFMAN, 2014, p. 41)[8]. Shifman enfatiza que a mutabilidade do meme de internet é muito mais intensa que a do meme analógico de Dawkins, o que faz com que tal mutabilidade se torne uma de suas mais notáveis características.

Isso posto, podemos apresentar a publicação da qual nos valemos para cumprir nossos propósitos. Trata-se de um post de 26 de abril realizado pela conta @direitasiqueira que reproduzimos na Figura 1:

Figure 1. FIGURA 1 - O corpus Fonte: Disponível em: <https://twitter.com/direitasiqueira/status/1386764878971559945>. Acesso em 14 set. 2021

Com o intuito de representar, de forma crítica, o modo de agir de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, a conta @direirasiqueira, que possui cerca de 170 mil seguidores, constrói a personagem Coronel Siqueira, cujo avatar retrata um senhor de aproximadamente 60 anos. Bastante atuante em defesa do presidente e de seus auxiliares mais próximos, a personagem é profícua na produção de textos em caixa alta, permeados de exclamações e, por vezes, emojis. Embora fictício, Coronel Siqueira frequentemente provoca confusões, tendo já sido, inclusive, rebatido pelo colunista do jornal Folha de S.Paulo e da rádio Bandnews Reinaldo Azevedo. Os desacertos provocados pela personagem foram tema de reportagem “Tão absurdo que parece real: conheça as ‘vítimas’ do Coronel Siqueira”8, publicada pelo jornal Metrópoles.

O post em questão traz uma imagem do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello um dia antes, em 25 de abril de 2021, caminhando no Manauara Shopping, em Manaus. A imagem original, feita pela fotógrafa Jaqueline Bastos e postada por ela em redes sociais, teve grande repercussão em veículos de comunicação por apresentar Pazuello, 42 dias depois de deixar o governo, circulando sem máscara no centro comercial da capital amazonense. Devido à pandemia do Coronavírus, as autoridades locais haviam editado decreto tornando obrigatório o uso do equipamento em lugares públicos9.

Após a publicação, a foto foi amplamente replicada com as mais diversas intervenções, muitas delas colocando situações inusitadas em segundo plano, já que uma das observações feitas com grande frequência sobre a imagem original era que, ao fundo, um homem de porte físico muito semelhante ao de Pazuello, com blusa branca e bermuda jeans, passeava mascarado.

A reprodutibilidade da imagem em posts diversos, que a transformam e a integram a um grande diálogo com suas semelhantes, faz com que a publicação escolhida por nós como corpus esteja de acordo com a definição de meme de internet proposta por Shifman.

Na forma que o meme tomou no enunciado que selecionamos, há uma máscara grosseiramente pintada por meio digital sobre o rosto de Pazuello da foto original. A intervenção faz menção a outras imagens, publicadas cerca de seis meses antes, em 17 de novembro de 2020, no site oficial do Centro de Avaliações do Exército Brasileiro.

As fotografias do órgão militar, que acompanhavam um texto cujo objetivo era divulgar um exercício de socorro a vítimas de trauma, foram também adulteradas digitalmente para que todos os retratados parecessem mascarados. Na Figura 2 reproduzimos uma das imagens, recuperadas pelo portal Congresso em Foco por meio de “cache” do Google após serem apagadas. A manipulação digital ocorreu no rosto do militar à esquerda:

Figure 2. FIGURA 2 – Foto de militar com máscara pintada divulgada por centro do Exército Fonte: Disponível em: <https://congressoemfoco.uol.com.br/area/governo/exercito-faz-manipulacao-tosca-em-foto-para-fingir-que-militares-usavam-mascara/>. Acesso em 20 out. 2021

A publicação foi bastante criticada na ocasião por órgãos de imprensa e tornou-se também alvo de comentários jocosos em redes sociais a ponto de serem retiradas do ar e de o Exército abrir um procedimento para apurar o ocorrido. O episódio, porém, ficou na memória da web, sendo recuperado na publicação de @direitasiqueira.

Feita essa breve descrição do corpus, passamos, a seguir, a apresentar alguns fundamentos da TBS dos quais nos valeremos durante a análise.

2. TBS: Os fundamentos basilares, os explícitos e os implícitos

Tida, ao menos inicialmente, como a versão radical da Teoria da Argumentação na Língua (ADL), desenvolvida por Anscombre e Ducrot desde os anos 197010, a TBS foi inaugurada com a apresentação da tese de Carel, Vers une formalisation de la théorie de l'argumentation dans la langue, em 1992 (CAREL, 1992)[4]. Na obra, a autora propôs uma revisão da teoria de Anscombre e Ducrot por considerar que a noção de topos, integrada à ADL, contrariava um de seus axiomas: a concepção não referencial da língua. Desde então, como uma teoria viva, a TBS vem sofrendo constantes revisões, podendo o livro L’Entrelacement argumentatif, publicado por Carel em 2011 (CAREL, 2011)[9], ser considerado o marco do desenlace da fase inicial da teoria (também chamada de fase standard), centrada no conceito de bloco semântico, em sua fase atual, centrada no conceito de quase-bloco.

Uma apresentação detalhada da TBS, e de suas modificações ao longo dos últimos 30 anos, extrapola nossos objetivos. Para tanto sugerimos as sínteses feitas por Machado no artigo A Teoria dos Blocos Semânticos em revisão (MACHADO, 2017)[10] e, mais recentemente, por Lauro Gomes nos itens 2.2 e 2.3 de seu livro Discurso artístico e argumentação (GOMES, 2020). Um compêndio atualizado da teoria encontra-se na obra coletiva Curso de semântica argumentativa, organizada por Carel, Machado, Louise Behe e Corentin Denuc (BEHE, et al., 2021)[11].

Para os fins deste trabalho, procuraremos enfocar especificamente a distinção entre explícitos e implícitos feito por Carel no artigo As argumentações enunciativas, de 2018 (CAREL, 2018)[12]. Sendo os implícitos, pressupostos ou subentendidos caros a Ducrot desde antes da consolidação da ADL11 e objetos de volumosa teorização por Carel12, é particularmente na obra citada que autora detalha uma noção que nos parece central para nossas pretensões: a concepção do que Carel chama de “interpretável”.

2.1 Fundamentos basilares da TBS

Antes de apresentarmos tal concepção, é necessário pontuar, de modo muitíssimo breve, alguns fundamentos basilares da TBS, a começar pela tese central da teoria, segundo a qual todo enunciado, ou conjunto de enunciados, pode ser parafraseado por encadeamentos argumentativos13. Os encadeamentos são entendidos como o conjunto de duas proposições relacionadas por meio de uma conjunção do tipo “portanto” ou do tipo “no entanto”. Diz-se, então, na terminologia da TBS, que um enunciado “evoca” um encadeamento. O encadeamento, por sua vez, descreve o sentido do enunciado. Aqueles cujas proposições se relacionam por uma conjunção do tipo “portanto” são chamados de normativos, e aqueles cujas proposições se relacionam pela conjunção do tipo “no entanto” são chamados de transgressivos.

Para citarmos um exemplo caro à TBS, podemos dizer que o enunciado:

  • (1) Pedro foi prudente

Evoca o encadeamento:

  • (1’) Pedro enfrentaria um perigo portanto tomou precauções

Ainda vale mencionar que, conforme a TBS, os encadeamentos possuem uma estrutura, relacionada à significação, chamada de aspecto, que pode também ser normativo ou transgressivo. Na terminologia da TBS, diz-se que um encadeamento “concretiza” um aspecto. No caso do exemplo citado, poderíamos dizer que o encadeamento (1’) concretiza o aspecto:

  • (1’’) PERIGO DC PRECAUÇÃO

Na nomenclatura do aspecto, grafado em maiúscula, usa-se “DC” para indicar uma relação normativa e “PT” para indicar uma relação transgressiva.

2.2. Explícitos, implícitos e a noção de “interpretável”

Feita essa brevíssima exposição, podemos nos voltar ao artigo As argumentações enunciativas (CAREL, 2018)[12], publicado em 2018 tanto em francês como em português, sob a tradução de Leci Borges Barbisan, na revista Letrônica, no qual Carel propõe fazer um balanço sobre a oposição entre encadeamentos explícitos e encadeamentos implícitos e, para isso, apresenta a noção de “interpretável”.

Carel parte, então, do exame de um fenômeno observado na novela Claude Gueux, de Victor Hugo. Escrito com propósito panfletário, o texto busca atacar a severidade do sistema de Justiça francês. Em seu trecho final, transforma-se em um manifesto, deixando a narração em segundo plano. O posicionamento do autor, porém, se revela não apenas nesse momento, mas surge implicitamente desde o princípio da obra. À vista disso, Carel volta-se especificamente para o primeiro parágrafo que, após se iniciar com a descrição do frio e da fome que sofreu Gueux e sua família quando a personagem título enfrentava o desemprego durante um inverno parisiense, termina da seguinte forma: “O homem roubou. Eu não sei o que ele roubou, eu não sei onde ele roubou. O que eu sei é que desse roubo resultaram três dias de pão e de fogo para a mulher e para a criança e cinco anos de prisão para o homem”14 (HUGO, 2016 [1834], p. 3)[13].

Ancorando-se nesse último enunciado:

  • (2) O que eu sei é que desse roubo resultaram três dias de pão e de fogo para a mulher e para a criança e cinco anos de prisão para o homem

Carel propõe, como encadeamento argumentativo evocado por ele, a seguinte paráfrase:

  • (2’) O roubo era tal que a mulher e a criança tiveram pão e fogo durante três dias NO ENTANTO o homem ficou preso cinco anos

A autora nota então que, embora o encadeamento evocado pelo enunciado não trate de injustiça, o trecho leva o leitor a crer que a sociedade foi injusta com Claude Gueux e que deveria ser transformada. Carel questiona: “De onde vem isso?” E ela mesma a responde: “No centro do fenômeno encontram-se as ligações que são tecidas entre as palavras e as estruturam no sistema” (CAREL, 2018, p. 111). Ou seja, para a autora, a menção implícita à injustiça e à necessidade de se transformar a sociedade francesa parte não do enunciado e tampouco do encadeamento por ele evocado, mas do aspecto concretizado por tal encadeamento. Que aspecto é esse? Carel o apresenta da seguinte forma:

  • (2’’) NEG-FALTA PT PUNIÇÃO15

É esse aspecto, propõe a autora, que, prefigurando a significação da palavra “injustiça”, estaria na origem do enunciado implícito:

  • (3) A sociedade foi injusta com Claude Gueux]

Parece, a nosso ver, que conforme a descrição de Carel o implícito instaura-se por meio de um processo inverso ao explícito. Se, na explicitude, parte-se de um enunciado que, evocando um encadeamento, concretiza um aspecto, na implicitude é o aspecto que faz emergir o enunciado.

Em sua terminologia, Carel diz, então, que um encadeamento como (2’) é “interpretável” por um enunciado como (3) se o aspecto concretizado por (2’) prefigura o significado de palavra relevante de (3). A autora então conclui: “Para descrever as etapas desse procedimento, eu direi que um encadeamento argumentativo (e) é ‘interpretável’ por um enunciado (F) se o enunciado (F) evocasse (e) explicitamente” (CAREL, 2018, p. 112)[12].

De fato, o enunciado:

  • (3) A sociedade foi injusta com Claude Gueux

Poderia evocar o encadeamento:

  • (2’) O roubo era tal que a mulher e a criança tiveram pão e fogo durante três dias no entanto o homem ficou preso cinco anos

Considerando que esse encadeamento concretiza o aspecto:

  • (2’’) NEG-falta PT punição

Que, por sua vez, é prefigurado na significação da palavra “injustiça” contida em (3).

Tendo apresentado a concepção de “interpretável”, poderíamos terminar nossas considerações teóricas a respeito da TBS. Mas, apenas para que não deixemos pela metade as reflexões de Carel acerca do potencial de tal noção, gostaríamos de tecer um último comentário. Até aqui, é possível notar a capacidade da proposição da autora para a descrição dos meios pelos quais pode surgir, a partir de um enunciado explícito, outro enunciado implícito.

Ocorre que, segundo Carel, esse novo enunciado é também capaz de evocar não apenas o encadeamento do qual é “interpretável”, mas um novo encadeamento16.

  • (3’) A sociedade foi injusta com Claude Gueux portanto nós devemos reformá-la

Que, por sua vez, concretiza o seguinte aspecto:

  • (3’’) falta DC deve ser corrigida

É assim, ao fim desse processo, que, segundo a autora, o enunciado inicial (2), extraído da obra de Hugo, leva o leitor a concluir pela necessidade da reforma da sociedade. Carel resume o processo da seguinte forma:

.

Do enunciado (E) ao encadeamento implicitamente evocado (f), encontram-se os intermediários de (e) e de (F): de um lado, (E) evoca explicitamente (e); depois (e) é interpretado pelo novo enunciado (F); e, enfim, (F) evoca explicitamente o encadeamento (f). [...] De modo indigesto, isso será resumido na definição: (f) é implicitamente evocado pelo enunciado (E) se (E) evoca explicitamente um encadeamento (e) interpretável por um enunciado (F) evocando explicitamente (f). (CAREL, 2018, p. 112)[12]

.

A autora sublinha que “o encadeamento implicitamente evocado (f) faz parte do sentido de (E)” (CAREL, 2018, p. 112)[12] e diz que, embora no caso analisado o encadeamento implícito seja acessório para a compreensão do sentido do enunciado explícito (e, ao mesmo tempo, essencial para a compreensão da estrutura geral da obra Claude Gueux), há casos em que os encadeamentos implicitamente evocados podem ocupar uma parte central no sentido do enunciado (CAREL, 2018, p. 113)[12].

Passamos a seguir à análise do nosso corpus.

3. Uma proposta de metodologia e de análise

Comecemos, então, nosso desafio de propor uma metodologia de análise da implicitude aos moldes da TBS no corpus de materialidade híbrida selecionado para descrever o que entendemos ser uma ação persuasiva por ele realizada.

De início, identificando em tal corpus certa semelhança com a obra Claude Gueux observada por Carel: há, em ambos, uma encenação. Sejamos mais precisos. Assim como em Claude Geuex é apresentada uma narrativa em que a personagem título é punida pelo sistema de Justiça francês, em nosso corpus é exibida uma situação também fictícia na qual um apoiador do presidente Jair Bolsonaro vale-se de uma foto divulgada pelo Exército para rebater a acusação de que o ex-ministro Eduardo Pazuello andava sem máscara em um shopping.

Entretanto, diferentemente do que ocorre no primeiro parágrafo de Claude Gueux, há no meme uma personagem que fala. Tal fenômeno imprime certa complexidade à encenação, tendo em vista que, além do meme em si enunciar, a personagem dentro do meme também enuncia. Com isso, devemos, antes de tudo, distinguir os enunciados do nível diegético (ou seja, do nível interior à história narrada) e do nível extradiegético (ou seja, do nível da narração ela mesma)17. No Quadro 1 discriminamos os enunciados (4) diegético e (5) extradiegético:

Figure 3. QUADRO 1 – Enunciado diegético e enunciado extradiegético no meme Fonte: Elaborado pelos autores deste artigo.

Feita essa distinção, apresentamos a metodologia que queremos sugerir, subdividida em três fases. Em primeiro lugar, para operacionalizar um exame nos moldes da TBS, vamos nos voltar para a imagem que a personagem Coronel Siqueira, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, diz ter sido divulgada pelo Exército, tratando tal imagem como signo e, a exemplo do procedimento sugerido por Carel na entrevista a Machado (CAREL; MACHADO, 2016)[6], buscando definir sua significação.

Em seguida, descreveremos como esse signo participa de encadeamentos argumentativos evocados tanto pelo enunciado diegético como pelo enunciado extradiegético. No nível diegético, ao descrever tal participação, procuraremos caracterizar o que identificamos ser a prova da tese, necessária à ação persuasiva. Aqui, entretanto, devido mesmo à implicitude da tese, cremos que ainda não parecerá tão evidente o estatuto de prova disso que, desde então, chamaremos de prova.

Será necessário, como dissemos na introdução, que se exiba a tese implícita, ela mesma, para que a ação persuasiva – ou seja, a ação que Walton definiu como sendo a de “provar uma tese” (WALTON, 2012 [1989], p. 7)[1] – se manifeste integralmente.

No trecho final de nossa análise, então, nos centraremos no enunciado extradiegético para, finalmente, apontarmos como um encadeamento evocado por tal enunciado é interpretável por outro enunciado, que, por sua vez, explicita a tese a ser defendida, completando assim nossa descrição.

3.1. A imagem como signo

Compreender a significação da imagem que integra um determinado enunciado é, a nosso ver, um requisito para que se possa examinar tal enunciado com base nas proposições da TBS. Esse será, então, nosso passo inicial: determinar o aspecto argumentativo que a imagem concretiza. Assim, delimitaremos o que a imagem significa e, com isso, poderemos, no transcorrer da análise, enunciá-la, com alguma modificação técnica, por um termo que é prefigurado por sua significação.

Pois bem, como falamos no item 1, no qual apresentamos nosso corpus, a imagem de Pazuello mascarado que a personagem bolsonarista Coronel Siqueira diz ter sido divulgada pelo Exército dialoga com outras postadas no site oficial do Centro de Avaliações do Exército Brasileiro. As máscaras grosseiramente pintadas por meio digital nas imagens foram, também já dissemos, alvo de reportagens críticas e comentários jocosos em redes sociais a ponto de serem apagadas.

Focalizemos na Figura 2 (acima) e consideremos sua publicação pelo Centro de Avaliações do Exército Brasileiro como sendo o enunciado (6). A partir dele, podemos dizer que é evocado o seguinte encadeamento:

  • (6’) Centro do Exército divulgou imagem como sendo o que ocorreu durante exercício militar no entanto imagem foi manipulada

Sendo assim, tal encadeamento concretiza o seguinte aspecto:

  • (6’’) APRESENTADO COMO REAL PT MANIPULADO

Aqui é importante notar que que (6’’) prefigura a significação de fake news – ou seja, (6’’) está inscrito na significação de fake news. Podemos dizer que a foto postada pelo Centro de Avaliações do Exército Brasileiro, ao concretizar o aspecto (6’’), significa “fake news”.

Ora, a foto de Pazuello, ao ser apresentada como verdadeira pela personagem bolsonarista Coronel Siqueira e, ao mesmo tempo, conter a máscara igualmente grosseiramente pintada por meio digital, concretiza o mesmo aspecto (6’’):

  • (6’’) APRESENTADO COMO REAL PT MANIPULADO

De onde conclui-se que ela mesma também significa “fake news”. Chegamos, assim, à significação da imagem que a personagem bolsonarista Coronel Siqueira diz ter sido divulgada pelo Exército.

3.2. A imagem no enunciado diegético e a construção da prova

Passemos ao segundo momento de nossa análise. Ainda sem nos preocuparmos com a significação já determinada da imagem, podemos notar que o enunciado diegético (4) evoca o encadeamento (4’) representado no Quadro 2:

Figure 4. QUADRO 2 – Representação multimodal do encadeamento argumentativo (4’), evocado pelo enunciado diegético (4) do meme Fonte: Elaborado pelos autores deste artigo.

Notemos agora que a relação entre a palavra “verdadeira” e a imagem concretiza, também no interior da diegese, o aspecto (4’’) representado no Quadro 3:

Figure 5. QUADRO 3 – Representação multimodal do aspecto argumentativo (4’’), concretizado pelo encadeamento (4’) evocado pelo enunciado diegético (4) do meme Fonte: Elaborado pelos autores deste artigo.

Agora, apresentamos o movimento fundamental de nossa metodologia: tendo já concebido a imagem como signo e associado à sua face formal, uma segunda face, que compreende sua significação18, vamos procurar manter essa segunda face, que é a que nos interessa para operacionalizar as proposições da TBS, enquanto remodelamos sua face formal. Desse modo, buscamos uma representação que, deixando a face formal do signo em segundo plano, realce sua significação. Passamos, então, a representar a imagem por duas chaves “{ }”, entremeadas pela palavra cuja significação é prefigurada pelo mesmo encadeamento que prefigura a significação de tal imagem.

No nosso caso particular, substituímos a imagem de Pazuello mascarado por “{ fakenews }”. Chegamos assim à segunda representação do aspecto argumentativo (4’’):

  • (4’’) { FAKE NEWS } DC ACREDITAR

Caracterizado dessa forma, fica evidente que o enunciado (4) apresenta um paradoxo, ou seja, se opõe ao senso comum19. À primeira vista, pode parecer estranho, mas é isso mesmo: na diegese do meme, a personagem Coronel Siqueira, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, enuncia algo que contraria a doxa, já que relaciona de modo positivo “fake news” (significada pela imagem de Pazuello mascarado) e “acreditar”.

É justamente isso que entendemos ser a prova da tese – tese esta, reforcemos, implícita e ainda a ser descrita.

Note-se que, na construção da prova, o aspecto argumentativo que prefigura a significação “fake news” é concretizado, inicialmente, por uma imagem anterior à enunciada pelo meme – a imagem postada no site oficial do Centro de Avaliações do Exército Brasileiro, na qual a relação entre as proposições do aspecto argumentativo (“APRESENTADO COMO REAL” e “MANIPULADO”) goza de ampla aceitação.

Isso é relevante porque o que dá força para que o que entendemos como prova seja considerado prova não é a personagem bolsonarista Coronel Siqueira acreditar em fake news, mas o discurso no qual acreditam apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, tal como discurso do Exército, ser relacionado a aspectos que prefiguram a significação de “fake news”.

3.3. A imagem no enunciado extradiegético e a construção da tese

Nessa fase final da análise, devemos reconhecer que a construção do enunciado extradiegético (5) é sutil. Podemos mesmo dizer que um dos únicos (senão o único) índices de sua existência é a apresentação da personagem Coronel Siqueira, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, como enunciando algo que apresenta um paradoxo. Se não houvesse paradoxo – ou seja, se a enunciação da personagem bolsonarista Coronel Siqueira evocasse apenas encadeamentos que concretizassem aspectos ditos contextuais (ou seja, nem doxais, nem paradoxais)20 – tudo se desmancharia: não haveria crítica, nem prova, nem tese. É, pois, pela oposição ao paradoxo, que se constrói o enunciado extradiegético (5).

Feita essa observação, podemos dizer que o enunciado extradiegético (5) evoca o encadeamento (5’) representado no Quadro 4:

Figure 6. QUADRO 4 – Representação multimodal do encadeamento argumentativo (5’), evocado pelo enunciado extradiegético (5) do meme Fonte: Elaborado pelos autores deste artigo.

Tal encadeamento concretiza o aspecto (5’’) – notadamente oposto ao aspecto (4’’) – representado no Quadro 5:

Figure 7. QUADRO 5 – Representação multimodal do aspecto argumentativo (5’’), concretizado pelo encadeamento (5’) evocado pelo enunciado extradiegético (5) do meme Fonte: Elaborado pelos autores deste artigo.

Agora, novamente para melhor operacionalizar as proposições da TBS, convertemos a imagem de Pazuello mascarado por sua substituta “{ fake news }” tanto no encadeamento argumentativo (5’) como no aspecto argumentativo (5’’). Chegamos assim às segundas representações de (5’) e (5’’):

  • (5’) Apoiador de Bolsonaro vê { fake news } NO ENTANTO ACREDITA
  • (5’’) { FAKE NEWS } PT ACREDITAR

Aqui, então, valemo-nos da noção de “interpretável”. Se o aspecto (4’’), por sua própria natureza paradoxal dificilmente poderia prefigurar a significação de uma palavra21, o aspecto (5’’) prefigura a significação de “ludibriar”.

Temos então, finalmente, um novo enunciado (7) que contém a palavra cujo sentido é prefigurado por (5’’):

  • (7) Apoiadores de Bolsonaro são ludibriados

Eis aí a tese implícita, cuja prova já vimos e agora fica mais evidente: a dita falsidade do discurso no qual apoiadores do presidente Jair Bolsonaro acreditam, identificado com a palavra fake news. A tese, então, surge em um enunciado “interpretante”22, tendo em vista que (5’) é “interpretável” por (7), uma vez que (7) contém a palavra “ludibriado”, cujo significado é prefigurado por (5’’).

Terminamos aqui nossa proposta de análise. Apenas para torná-la um pouco mais, digamos, buliçosa, gostaríamos de acrescentar que, se tomássemos a língua viva – viva a ponto de sermos capazes de perceber, ao longo de nossas curtas vidas, transformações (algumas delas profundas) dessa senhora que, no caso do português, possui quase 1 mil anos –, poderíamos considerar que o aspecto argumentativo (5’’) prefigura certa significação que passou a receber a palavra “gado” em tempos recentes, ao menos para determinados grupos contrários ao presidente Jair Bolsonaro. Se assim considerássemos, poderíamos dizer que o encadeamento (5’) é interpretável pelo enunciado (7b):

  • (7b) Apoiadores de Bolsonaro são gado

Com efeito, (5’) seria, nessas circunstâncias, evocado tanto por (7) como por (7b). Essa, no entanto, é uma discussão mais ampla, que para ser levada a cabo necessitaria do cotejo da TBS com algumas noções de variação linguística, sobretudo diacrônica e diastrática, e também, com estudos da metáfora, uma vez que a nova significação de “gado” parece-se originar do mesmo domínio-fonte de expressões como “vaca de presépio” e “comportamento de manada”. Por ora, pensamos ter consumado o que pretendíamos ser o esboço de uma metodologia que vise trazer às análises multimodais a contribuição do extenso aparato da TBS.

4. Conclusão

Concluímos assim esta que pretender ser uma proposta inicial de operacionalização de conceitos da TBS para a descrição de fenômenos observados em enunciados multimodais. Nessa primeira aproximação, procuramos, particularmente, apresentar uma metodologia que tornasse possível a análise da implicitude, aos moldes da TBS, na descrição de ações persuasivas de memes. Para tanto, foi decisivo o fato de termos observado como signo a imagem presente em um determinado meme em circulação. O passo que consideramos fundamental em nossa metodologia foi termos reformulado a face formal de tal signo sem alterarmos a face da sua significação, de modo a realçar essa segunda face, já que foi ela primordial na operacionalização da análise.

Pensamos que, especialmente no caso que apresentamos, cujo foco, como dissemos, eram as ações persuasivas, não tão flagrantes, de enunciados integrados por memes, a TBS, com seu robusto aparato da teoria acerca de implícitos, pressupostos e subentendidos traga subsídios singulares. Esperamos, assim, ao sugerirmos uma possibilidade de articulação de tais subsídios a um enunciado de materialidade híbrida, tenhamos contribuído, ainda que modestamente, para o avanço metodológico no âmbito da discussão sobre a argumentação multimodal.

Cremos ainda que, a partir de nossos resultados, novas questões se colocam. Uma delas diz respeito à aceitabilidade do movimento persuasivo apresentado, sendo possível que, mesmo amparado pela significação, ele possa ser alvo de perguntas críticas e, à luz de proposições como as de Douglas Walton, Chris Reed e Fabrizio Macagno, considerado falacioso. Se, com base no extenso compêndio dos autores, possamos talvez considerar estar diante de uma argumentação por exemplificação (WALTON; REED; MACAGNO, 2008, p. 314)[14], torna-se legítimo nos questionarmos o quanto a significação fortalece a generalização feita a partir da publicação realizada pelo Centro de Avaliações do Exército Brasileiro. Esse, porém, é um passo adiante. O que queríamos dar, encerramos aqui.

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