Language and race: miscegenation as a linguistic idea of 19th century Brazilian letters

Allice Toledo

Abstract

Our purpose in this article is to observe miscegenation as a linguistic idea in the 19th century by analyzing the discursive production of Brazilian letters, here understood as the set of literary, anthropological and essayistic productions. Based on the dialogue between the History of Linguistic Ideas and the Discourse Analysis, regarding Michel Foucault’s contribution, it is our intention to demonstrate that there was a proposal to qualify the speech and writing of Portuguese in Brazilian territory based on racial criteria. We are based on works that relate language, race and theories of linguistics as seen in Trabant (2008), Poliakov (1974), Blikstein (1992) and Rajagopalan (2002). Then, we present miscegenation in the 19th century Brazilian framework based on contributions by Schwarcz (2012) and Alonso (2002). Finally, by observing the thematic pairs mixture and purity, unity and diversity, good language and bad language, we present the analysis of statements that deal with language and race, attributed to José Bonifácio, Junqueira Freire, José de Alencar, Antonio Henriques Nunes Leal and José Veríssimo. We end with considerations about miscegenation as a recurring linguistic idea in statements that deal with the Portuguese language in Brazil and its speakers and contradiction as an essential aspect of discursive production on this theme in the 1800s.

Full-text of the article is available for this locale: Português (Brasil).

References

ALENCAR, José de. Iracema. Edição do Centenário. Rio de Janeiro: José Olympio, 1965.

ALENCAR, José de. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1960, vol. IV.

ALONSO, Angela. Ideias em movimento: a geração. 1870 na crise do Brasil Império. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

AUROUX, Sylvain. Questão da origem das línguas. A historicidade das ciências. Campinas: RG, 2008.

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Parábola Editorial, 1999.

BAGNO, Marcos. A norma oculta: língua e poder na sociedade brasileira. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BLIKSTEIN, Izidoro. Indo-europeu, linguística e racismo. Revista USP, v. 14, p. 104-110, 1992.

BONIFÁCIO, José. Poesias de Américo Elísio. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1942.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006.

BOSI, Alfredo. Cultura. In: SCHWARCZ, Lilia Moritz (dir.). História do Brasil Nação: 1808-2010. Volume 2: A construção nacional, 1830-1889. Rio de Janeiro: Objetiva; Madrid: Fundación MAPFRE, 2013.

DIAS, Luis Francisco. Os sentidos do idioma nacional: as bases enunciativas do nacionalismo linguístico no Brasil. Campinas: Pontes, 1996.

FARACO, Carlos. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

FARACO, Carlos. História sócio-política da língua portuguesa. São Paulo: Parábola Editorial, 2016

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008a

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 2008b.

FREIRE, Junqueira. Elementos de retórica nacional. Rio de Janeiro: Laemmert, 1869.

FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. São Paulo: Global Editora, 2006.

GUIMARÃES, Eduardo. Língua e Cidadania. Campinas: Pontes, 1996.

HAUGEN, Einar. Dialeto, língua, nação. In BAGNO, Marcos. Norma linguística. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

LEAL, Antonio Henriques. O país. nº77 e 78, 27 e 28 de maio de 1871.

LUCCHESI, Dante. O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA, 2009.

LUCCHESI, Dante. Língua e sociedade partidas. São Paulo: Editora Contexto, 2015.

MARIANI, Bethania. A colonização linguística. Campinas: Pontes, 2004.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem. São Paulo: Autêntica, 2019.

PAGOTTO, Emílio. Norma e Condescendência; Ciência e Pureza. In: Língua e Instrumentos Linguísticos. Campinas: Pontes Editores/HIL, 49-68, 1998.

PETTER, Margarida. Línguas africanas no Brasil. In. África: Revista do Centro de Estudos Africanos. USP, S. Paulo, 27-28: 63-89, 2006/2007

PINTO, Edith Pimentel. O português do Brasil: textos críticos e teóricos, 1 – 1820/1920, fontes para a teoria e a história. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo. 1978.

POLIAKOV, Léon. O mito ariano: Ensaio sobre as fontes do racismo e dos nacionalismos. São Paulo: Perspectiva, Editora da Universidade de São Paulo, 1974.

RAJAGOPALAN, Kanavillil. Linguagem e xenofobia. Revista estudos linguísticos. XXVI, p. 143-149, 2002.

RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas indígenas: 500 anos de descobertas e perdas. D.E.L.T.A. n.9. v. 1, p. 83-103, 1993.

ROMERO, Sílvio. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1949.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil, 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As marcas do período. In: SCHWARCZ, Lilia Moritz (dir.). História do Brasil Nação: 1808-2010. Volume 3: A abertura para o mundo, 1889-1930. Rio de Janeiro: Objetiva; Madrid: Fundación MAPFRE, 2012.

SILVEIRA, Allice Toledo Lima da. Os dizeres sobre a mestiçagem nas letras brasileiras entre 1822 e 1930. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos). Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos (SP), 2018.

TRABANT, Jürgen. Constitution du langage en objet du savoir et traditions linguistiques. Histoire Épistémologie Langage, v. 30, n.1, 2008. Grammaire et mathématiques en Grèce et à Rome. p. 109-126.

VELOSO, Caetano (1993) Letra de Haiti. Música: Gilberto Gil. Letra: Caetano Veloso. Encarte de CD. Tropicália 2, de Caetano e Gil. (Polygram).

VERÍSSIMO, José. Cenas da vida amazônica. Lisboa: Tavares Cardoso, 1886.