Regna Brasillica: contextualization of Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil (1595)

Leonardo Ferreira Kaltner

Abstract

This article analyzes the 'contextualization' of linguistic thought in the Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil (1595), written by José de Anchieta (1534-1597), published in the University of Coimbra typography in the 16th century. My theoretical and methodological foundation is linked to the field of Historiography of Linguistics (HL), based on the models proposed by Konrad Koerner (1996) and Pierre Swiggers (2019). From Koerner's three principles: 'contextualization', 'immanence' and 'theoretical adequacy', I analyze the 'contextualization' of anchietan grammar. My goal is to show that Anchieta's grammar was linked to the linguistic thought, which arose from the Portuguese Renaissance humanistic education and the university tradition of the time. Finally, I seek to describe the linguistic community that formed the 16th century Brazil, the context of production of Anchietan grammar, based on an excerpt analysis of the grammar.

Full-text of the article is available for this locale: Português (Brasil).

References

ALENCASTRO, L. F. O trato dos viventes: Formação do Brasil no Atlântico Sul, séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

ALMEIDA, M. A atuação dos indígenas na História do Brasil: revisões historiográficas. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 37, n. 75, p. 17-38, 2017. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1806-93472017v37n75-02. Acesso em: 22 jan. 2020.

ALTMAN, C. A pesquisa lingüística no Brasil (1968‑1988). São Paulo: Humanitas, 1998.

ANCHIETA, J. Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil. Coimbra: Antônio de Mariz, 1595.

ANCHIETA, J. Artes de gramática da língua mais usada na costa do Brasil. São Paulo: Loyola, 1990.

ANCHIETA, J. Arte de grammatica da língua mais usada na costa do Brasil. Novamente dado à luz por Júlio Platzmann. Lipsia: Teubner, 1874.

ANCHIETA, J. Breve narração das coisas relativas aos colégios e residências da Companhia nesta Província Brasílica, no ano de 1584. In: Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões (1554-1594). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1933. p. 395-408.

AZEVEDO, A. Vilas e cidades do Brasil colonial. Terra Livre –Revista da Associação dos Geógrafos Brasileiros, São Paulo, n.10, p.23-78,1992.

BAGNO, M.; SILVA-REIS, D. Os intérpretes e a formação do Brasil: os quatro primeiros séculos de uma história esquecida. Cadernos de Tradução On-line, Florianópolis, v. 36, n. 3, p. 81-108, 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5007/2175-7968.2016v36n3p81. Acesso em: 22 jan. 2020.

BARROS, J. Grammatica da lingua portuguesa. Olyssipone: apud Lodouicum Rotorigiu[m] Typographum, 1540.

BATISTA, R. Introdução à Historiografia da Linguística. São Paulo: Cortez, 2013.

BISPO, A. Tópicos multilaterais Alemanha-Brasil Análise Cultural e Teoretização da Cultura. Revista Brasil-Europa, Gummersbach, v. 108, n. 4, 2007. Disponível em: http://www.revista.brasil-europa.eu/108/Analise-Cultural_e_Teoria.htm. Acesso em: 22 jan. 2020.

BUENO, E. A viagem do descobrimento. Rio de Janeiro: Sextante, 1998.

CALÓGERAS, P. Formação histórica do Brasil. Rio de Janeiro: Nacional, 1938.

CASAGRANDE, N. S. A implantação da língua portuguesa no Brasil do século XVI: um percurso historiográfico. São Paulo: PUC, 2005.

COUTO, H. O que vem a ser ecolinguística, afinal? Cadernos de linguagem e sociedade, Brasília, v. 14, n. 1, p. 275-313, 2013. Disponível em: http://periodicos.unb.br/index.php/les/article/view/9179/6892. Acesso em: 24 jan. de 2020.

CUNHA, C. Língua portuguesa e realidade brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1970.

DESPAUTERIUS, J. P. Commentari grammatici. Lugduni: Apud Carolum Pesnot, 1582.

DIAS, J. S. A política cultural da época de D. João III. Volume primeiro. Coimbra: Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos Filosóficos, 1969.

DISNEY, A. A Expansão Portuguesa, 1400-1800. Contactos, Negociações e Interacções. In: BETHENCOURT, F.; CURTO, D. (dir.). A Expansão Marítima Portuguesa, 1400-1800. Lisboa: edições 70, 2010. P. 295-327.

FARACO, C. A. História sociopolítica da língua portuguesa. São Paulo: Parábola, 2016.

FERNANDES, G. A Ars minor donatiana do mosteiro de Alcobaça (séc. XIII) e a edição crítica de Holtz (1981). Beiträge zur Geschichte der Sprachwissenschaft, v. 26, n. 2. p. 229–242, 2016.

FONSECA E SILVA, J. G. Modos de pensar, maneiras de viver: cristãos-novos em Pernambuco no século XVI. 2007. Dissertação de mestrado. 2007. 159f. Dissertação (Mestrado em História). Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007. Disponível em: https://www.catedra-alberto-benveniste.org/_fich/17/dissertacao_janaina.pdf. Acesso em: 25 jan; 2020.

FRANCA, L. O método pedagógico dos jesuítas: o Ratio Studiorum. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1952.

GOMES, S. A. A congregação cisterciense de Santa Maria de Alcobaça nos séculos XVI e XVII: elementos para o seu conhecimento. Lusitânia Sacra, v. 18, n. 2, p. 365-431, 2006.

IBGE. Estatísticas do povoamento. Rio de Janeiro, 2000. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/estatisticas-do-povoamento/evolucao-da-populacao-brasileira.html. Acesso em 22 jan. 2020.

IGLESIAS, T. C. Fontes franciscanas: os franciscanos na Historiografia do Brasil e na História da Educação Brasileira. Revista HISTEDBR On-line. Campinas, v. 43, p.254-267, 2011.

KALTNER, L. Brasil e renascença: a Cultura Clássica na origem do Brasil. Curitiba: Appris, 2011.

KALTNER, L. O Latim na colonização do Brasil quinhentista. Cadernos de Letras da UFF, Niterói, v. 26, p. 39-60, 2016. Disponível em: http://www.cadernosdeletras.uff.br/index.php/cadernosdeletras/article/view/243. Acesso em: 25 jan. 2020.

KALTNER, L. O Brasil quinhentista e a historiografia linguística: interfaces. In: SOUZA, I. V. (org.) Letras, Linguística e Artes: Perspectivas Críticas e Teóricas 4. Ponta Grossa: Atena Editora, 2019, v. 4, p. 85-98. Disponível em DOI: 10.22533/at.ed.048190910. Acesso em: 25 jan. 2020.

KEMMLER, R. De institutione grammatica libri tres (Lisboa, 1573): a edição princeps da ars minor de Manuel Álvares. Revista Portuguesa de Humanidades: Estudos Linguísticos, Braga, v. 17, n. 1, p. 43-58, 2013.

KOERNER, K. Questões de persistem em historiografia linguística. Revista da ANPOLL, n. 2, p. 47-70, 1996.

LEITE, M. Q. Historiografia da Linguística e História das ideias linguísticas: aproximações e distanciamentos. In: BATISTA, R. O (org.). Historiografia da Linguística. São Paulo: Contexto, 2019. P. 13-182.

LIMA, I. Na Bahia, a arte da língua de Angola. Comunidades linguísticas no mundo atlântico. In: XXVII

SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – ANPUH, 2013, Natal. Anais [...]. Natal, 2013, p. 1-16. Disponível em: http://snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1371346755_ARQUIVO_ArtigoAnpuh2013.pdf 2013. Acesso: 22 jan. 2020.

LUCCHESI, D. Parâmetros sociolinguísticos do português brasileiro. Revista da ABRALIN, v. 5, n. 1 e 2, p. 83-112, dez. 2006.

MARIANI, B. Colonização linguística. Línguas, política e religião no Brasil (séculos XVI a XVIII) e nos Estados Unidos da América (século XVIII). Campinas: Pontes, 2004.

MARIANI, B. Quando as línguas eram corpos – sobre a colonização linguística portuguesa na África e no Brasil. In: ORLANDI, E. (org.) Política linguística no Brasil. Campinas: Pontes Editora, 2007.

MATOS, M. Leitura e leitores de Cícero em Lisboa e Coimbra ao tempo de D. João III (1534-1543). Humanitas, Coimbra, v. 47, p. 739-776, 1995. Disponível em: https://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas47/49_Cadafaz_Matos.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.

MATTOSO CÂMARA, J. Introdução às Línguas Indígenas Brasileiras. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1965.

PEREIRA, C.; PRATES, M. Nas margens da estrada e da história Juruá. Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 97-136, 2012.

PORTO-GONÇALVES, C.; QUENTAL, P. Colonialidade do poder e os desafios da integração regional na América Latina. Polis – Revista Latinoamericana, v. 31, p. 1-34, 2012. Disponível em: https://journals.openedition.org/polis/3749. Acesso em: 22 jan. 2020.

PRADO JR, C. A Revolução Brasileira. São Paulo: Editora Brasiliense, 1966.

REGIMENTO que levou Tomé de Souza governador do Brasil, Almerim, 17/12/1548. Disponível em: http://lemad.fflch.usp.br/sites/lemad.fflch.usp.br/files/2018-04/Regimento_que_levou_Tome_de_Souza_governador_do_Brasil.pdf. Acesso em: 02 dez. 2019.

RIBEIRO, D. O povo brasileiro – a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

RODRIGUES, A. Sobre as línguas indígenas e sua pesquisa no Brasil. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57, n. 2, p. 35-38, 2005. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v57n2/a18v57n2.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.

ROSA, M C. Uma língua africana no Brasil colônia de Seiscentos: o quimbundo ou língua de Angola na Arte de Pedro Dias, S.J. Rio de Janeiro: 7Letras, 2013.

SANTOS, V. S. As bolsas de mandinga no espaço Atlântico: Século XVIII. 2008. Tese de doutorado. 2008. 256f. Tese (Doutorado em História Social) - Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-23042009-095859/publico/VANICLEIA_SILVA_SANTOS.pdf. Acesso em: 24 jan. 2020.

SANTOS, F. Missões jesuíticas na América Portuguesa no século XVI: estratégias de conversão do gentio. Revista Estudios, v. 32, n. 1, p. 1-13, 2016.

SHIGUNOV NETO, A.; MACIEL, L. O ensino jesuítico no período colonial brasileiro: algumas discussões. Educar, Curitiba, n. 31, p. 169-189, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/er/n31/n31a11.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020.

SIMONSEN, R. História Econômica do Brasil (1500/1820). Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2005.

STORCK, J. Do modus parisiensis ao ratio studiorum: os jesuítas e a educação humanista no início da idade moderna. História da Educação, v. 20, n. 48, p. 139-158, 2016. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/asphe/article/view/57630/pdf_120. Acesso em: 22 jan. 2020.

SWIGGERS, P. A historiografia da linguística: objeto, objetivos, organização. Confluência, Rio de Janeiro, v. 44-45, p. 39-59, 2012. Disponível em: http://llp.bibliopolis.info/confluencia/wp/edpdf/44-45. Acesso em: 22 jan. 2020.

SWIGGERS, P. Linguistic Historiography in Brazil: impressions and reflections. Cadernos de Historiografia Linguística do CEDOCH, São Paulo, v. 1, p. 2-7, 2015.

TANNUS, C. A. K. Um olhar sobre a literatura novilatina em Portugal. Calíope, Rio de Janeiro, v. 16, p.13-31, 2007.

TOLEDO, C. A.; RUCKSTADTER, F. A Filosofia Educacional dos Jesuítas nas Cartas do Pe. José de Anchieta. Acta Scientiarum. Maringá. v. 25, n. 2, p. 257-265, 2003.

ZWARTJES, O. Portuguese missionary grammars in Asia, Africa and Brazil, 1550-1800. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2011.