Autos de defloramento: para que editar?

Rita de Cássia Ribeiro de QUEIROZ

Resumo

Nos últimos anos, a Filologia, através da sua atividade mais autêntica, a edição de textos, tem ganhado o seu espaço. Como falar em edição de textos sem falar de tradição e memória, lembrança e esquecimento? Os estudos filológicos podem ser compreendidos, em sua amplitude, como um modo de preservação da memória de um povo através do texto. Todos os estudos acerca dos documentos manuscritos, por mais atuais que sejam, sempre evocam a memória coletiva, com o objetivo de resgatar as obras — legado cultural e artístico — que dão testemunho das atividades intelectivas de um dado povo. A Filologia sempre assumiu essa missão: a de trazer para o presente a memória de uma sociedade até então esquecida. A edição semidiplomática é o tipo de edição que procura deixar o texto o mais fiel possível, cujo grau de intervenção feita pelo editor é mediano, ou seja, as interferências são previamente estabelecidas, as quais permitem que as características linguísticas e ortográficas sejam mantidas. O estudo de documentos antigos representa a conservação da memória de um povo, pois através daqueles pode-se conhecer a história cultural, política, religiosa e ideológica de um determinado grupo social. Neste sentido, objetiva-se com este trabalho, apresentar a edição semidiplomática de autos de defloramento, ou seja, processos crime que relatam o defloramento de jovens menores de idade, ocorridos na primeira década do século XX, em cidades do interior da Bahia.