Descolonização das políticas linguísticas: letramento crítico para a valorização da diversidade
Resumo
Integrando perspectivas teóricas de Paulo Freire (1987; 2001; 2016), Monte Mór (2023), Monte Mór, Duboc e Ferraz (2021) e Quijano (2000; 2002), este artigo utiliza uma abordagem teórico-analítica para refletir criticamente sobre a decolonização de políticas linguísticas como meio para desafiar e reverter os efeitos do colonialismo em práticas linguísticas e educativas. Enfatiza a importância de reconhecer e valorizar a diversidade linguística, fundamental para a identidade cultural e a autonomia dos povos. Discute como políticas educacionais podem ser reformuladas para promover o multilinguismo, o respeito às línguas minorizadas e a justiça social, combatendo a exclusão epistêmica que marginaliza certos grupos.
Referências
ALVES, F. Entre avanços e ausências: um olhar sobre o legado colonial da antropologia. Ñanduty, v. 11, n. 18, p. 225-250, 2023.
ANDERSON, B. Comunidades imaginadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
BERNARDINO-COSTA, J.; BORGES, A. Um projeto decolonial antirracista: ações afirmativas na pós-graduação da Universidade de Brasília. Educação & Sociedade, v. 42, p. e253119, 2021.
CANAGARAJAH, A. S. Reclaiming the local in language policy and practice. Routledge, 2005.
CASTRO GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. Prólogo. Giro decolonial, teoria crítica e pensamento heterárquico. In: El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007. p. 09-23.
EMPOLI, G. da. Os engenheiros do caos: como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições. Vestígio Editora, 2019.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17a ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1987.
FREIRE, P. Política e educação. São Paulo: Cortez, 2001.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 54a ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2016.
HALL, S. A questão multicultural. In: LIV, S. (Org.). Da diápora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: EDUFMG, 2003. p. 51-100.
HOBSBAWN, E. Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. 6a ed. São Paulo: Paz & Terra, 2013.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
LUCCHESI, D. As duas grandes vertentes da história sociolinguística do Brasil. D.E.L.T.A., São Paulo, v. 17, n. 1, p. 97-130, 2001.
LUCCHESI, D. Parâmetros sociolinguísticos do português brasileiro. Revista da ABRALIN, v. 5, n. 1/2, p. 83-112, dez. 2006.
LUCCHESI, D. Língua e sociedade partidas: a polarização sociolinguística no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015.
MBEMBE, A. Necropolítica. São Paulo: n-1 edições, 2018.
MIGNOLO, W. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF, v. 34, n. 1, p. 287-324, 2008.
MONTE MÓR, W. Crítica e Letramentos Críticos nos Estudos Linguísticos. In: HARKOT-de-LA-TAILLE, E.; IZARRA, L. P. Z.; ILARI, M. D. S.; CASS, T. R. B. (Org.s.) Estudos Linguísticos e Literários em Inglês. 50 anos na USP. São Paulo: Timo, 2023. p. 84-103.
MONTE MÓR, W.; DUBOC, A. P.; FERRAZ, D.M. Critical Literacies Made in Brazil. In: PANDYA, J.; MORA, R.; DE ROOCK, R. (Eds.). Handbook of Critical Literacy. London and New York: Routledge, 2021. 522 páginas.
MUSPRAT, S.; LUKE, A.; FREEBODY, P. Constructing Critical Literacies. Teaching and learning textual practice. St Leonards, Australia: Allen & Unwin, 1997.
OLIVEIRA, G. M. Brasileiro fala português: monolinguismo e preconceito linguístico. In: SILVA, F. L.; MOURA, H. M. (Orgs.). O direito à fala: a questão do preconceito linguístico. 2a ed. Florianópolis: Insular, 2002. p. 127-136.
QUIJANO, A. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, E. (Org.). La Colonialidad del saber, eurocentrismo y Ciencias Sociales: perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO/UNESCO, 2000.
QUIJANO, A. Colonialidade, poder, globalização e democracia. Trad. Dina Lida Kinoshita. Novos Rumos, [S. l.], n. 37, 2002. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/novosrumos/article/view/2192. Acesso em: 2 set. 2024.
RICOEUR, P. Da interpretação: Ensaio sobre Freud. Trad. Hilton Japiassu. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1977.
SANTOS, Antonio Bispo. Colonização, quilombos: modos e significados. Brasília: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa, 2015.
SANTOS, Antonio Bispo. Somos da terra. Piseagrama, Belo Horizonte, n. 12, 2018. Disponível em: https://piseagrama.org/somos-da-terra/. Acesso em: 3 set. 2024.
VARENNES, F. de. The human rights dimension and challenges of linguistic rights. International Conference Integration and Exclusion: LInguistic Rights of National Minorities in Europe, p. 39-56, 2015.
WALSH, C. Interculturalidade, Estado, Sociedad: Luchas (de)coloniales de nuestra época. Quito: Universidad Andina Simón Bolívar; Ediciones Abya-Yala, 2009.