Da Simulação de Cientificidade: “Amor Esquecido”... de quê?

João Carlos Cattelan

Resumo

Para a analista de discurso, Denise Maldidier (2003), o filósofo francês, Michel Pêcheux, (1995) postulava, postando-se contrariamente ao racionalismo idealista e ao empirismo lógico, a descontinuidade entre a ideologia e a ciência, afirmando que a simulação de reunificação entre as duas se sustenta no fato de a primeira se mostrar como a segunda, por meio da mobilização de processos discursivos que partilham do mesmo funcionamento enquanto materialidade verbal. Considerando a defesa e os postulados do autor sobre a descontinuidade, com este estudo, objetivo refletir sobre como se dá a simulação, valendo-me do que Michel Pêcheux designa como terceiro elemento e buscando teorizá-lo e observá-lo quanto ao uso do conectivo (conjunção/operador) condicional “se” no filme “Amor Esquecido” da Netflix. Em outros termos, pretendo fazer trabalhar o postulado da simulação, mobilizando, para tanto, além do conceito mencionado, as noções de evocação lateral e identificação, como concebidos pelo autor e sobre como ocorrem no filme considerado como caso ilustrativo.

Referências

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de estado. Trad. Wlater José Evangelista eMaria Laura Viveiros de Castro; introdução crítica de J. A. Guilhon Albuquerque. 14.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2022.

MALDIDIER, Denise. A inquietação do discurso: (re)ler Michel Pêcheux hoje. Trad. Eni P. Orlandi. Campinas, Pontes, 2003.

PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. (Trad. Eni Pulcinelli Orlandi et al.). 2.ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1995.

PÊCHEUX, Michel [1981]. Notas sobre a questão da linguagem e do simbólico em Psicologia. In: Análise do Discurso: Michel Pêcheux. Textos Selecionados por Eni Puccinelli Orlandi. 2.ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2011.