Semiologia, enunciação e escrita infantil: por um novo discurso teórico sobre a aquisição da escrita

Giovane Fernandes Oliveira
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Resumo

Este artigo relata os principais resultados de uma pesquisa que buscou introduzir um novo discurso teórico sobre a aquisição da escrita. Com base em um aparato conceitual e procedimental fundamentado pela teoria da linguagem de Émile Benveniste, foram analisados dois corpora de escrita infantil, oriundos do acompanhamento naturalístico, durante dois anos e seis meses, de duas crianças. As análises conduziram à caracterização de três macro-operações semiológico-enunciativas de aquisição da escrita. Na operação de deslocamento de lugar enunciativo, ocorre a passagem dos lugares de falante e de ouvinte aos lugares de escrevente e de leitor. Na operação de desdobramento do funcionamento do discurso escrito, ocorrem duas passagens: por um lado, a passagem da enunciação escrita sem implantação de alocutário explícito à enunciação escrita com explicitação de alocutário, real ou imaginado, individual ou coletivo; por outro lado, a passagem do aqui-agora da alocução falada à complexa rede de relações espaço-temporais desdobrada pela alocução escrita na simulação, na retomada e na projeção de acontecimentos. Na operação de discretização do aparelho formal da enunciação escrita, ocorre a passagem do reconhecimento da à ação sobre a escrita como um todo constituído de partes na relação entre o contínuo e o discreto dos níveis e das unidades linguísticas. Os resultados obtidos permitem desenhar os contornos de uma perspectiva semiológico-enunciativa da aquisição da escrita e responder às grandes questões do campo: a questão da relação fala-escrita, a questão do inato e do adquirido, a questão da representação, a questão da consciência metalinguística e a questão da mudança.

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