A negação nas línguas sinalizadas

Luiz Gustavo Paulino de Almeida,
André Nogueira Xavier

Resumo

A apresentação realizada pelo Prof. Roland Pfau objetivou mostrar um estudo tipológico sobre a negação nas línguas sinalizadas. Sua fala foi organizada em quatro grandes momentos. O primeiro foi dedicado a apresentar um panorama sobre variações tipológicas na expressão de negação. Esse panorama abrangeu, inicialmente, dois padrões: línguas sinalizadas com dominância manual e com dominância não-manual. Em um segundo momento, foram-nos mostradas ocorrências de línguas que apresentam outros padrões para expressar negação. No terceiro, o Prof. Pfau se dedicou a abordar outras estratégias para se negar nas línguas sinalizadas, podendo ser (i) orações com perguntas e respostas, (ii) concordância negativa e (iii) alçamento da negação. No quarto e último momento, o professor apresenta algumas especulações sobre o ciclo de Jespersen aplicado às línguas de sinais. Sua palestra trouxe contribuições bastante significativas para o estudo sobre a negação em línguas sinalizadas e se destaca pela vasta literatura citada

Texto

A apresentação do Prof. Roland Pfau objetivou mostrar um estudo tipológico sobre negação nas línguas sinalizadas1. Neste texto, buscamos sintetizar os principais tópicos da apresentação, destacando alguns dos padrões observados nessas línguas. A palestra foi organizada em quatro grandes partes. Na primeira, o professor traz um panorama sobre a pesquisa tipológica da negação nas línguas sinalizadas. Segundo ele, existem duas formas principais de expressar negação: uma manual e a outra não-manual. Com base em dados da língua de sinais holandesa, NGT2, e da língua de sinais turca, TID3, o Prof. Pfau ilustrou a ocorrência dessas duas formas de negação num mesmo enunciado, como se pode ver nos exemplos 1 e 2 a seguir:

Figure 1.

Embora ambas as línguas se assemelhem por usarem recursos manuais e não-manuais de negação, elas diferem em dois aspectos. Primeiramente, em relação ao marcador não-manual: enquanto usa-se o balançar da cabeça, headshake (hs), na NGT, na TID utiliza-se um movimento de inclinação da cabeça para trás, backward head tilt (neg-tilt). Em segundo lugar, observa-se uma diferença no escopo da marcação não-manual. O headshake na NGT, representado por uma linha sobrescrita à glosa, se espraia por toda a oração, ao passo que na TID esse espraiamento do backward head tilt ocorre apenas simultaneamente à produção do verbo e da partícula negativa.

Na sequência, com relação aos recursos para a expressão de negação, o Prof. Pfau explica que as línguas sinalizadas podem apresentar dominância manual ou dominância não-manual. As línguas sinalizadas que apresentam dominância manual são aquelas em que o uso de um negador manual é necessário, ao passo que o marcador não-manual, geralmente, só o acompanha (podendo se espraiar). Enquanto isso, em línguas sinalizadas com dominância não-manual, a presença do negador manual é opcional e a do não-manual, obrigatória. Nesse caso, é possível ocorrer um espraiamento dessa marcação na oração. O Prof. Pfau cita uma série de exemplos de línguas sinalizadas com a dominância manual para expressar negação, como a língua de sinais russa, RSL4, a língua de sinais inuíte, IUR5, a língua de sinais italiana, LIS6 e a TID, e de línguas sinalizadas com dominância não-manual, como a língua de sinais americana, ASL7, a NGT, a língua de sinais alemã, DGS8 e a língua de sinais sul-africana, SASL9. O professor relata que dentro desses dois grupos, há variação interlinguística. Por exemplo, dentro do grupo das línguas com sistema de dominância não-manual, é possível encontrar diferentes padrões de espraiamento do marcador não-manual. Isso pode ser observado no headshake. Por exemplo, na ASL e na língua de sinais catalã, LSC10, a presença desse marcador não-manual somente no negador manual é gramatical. Porém, na DGS, isso seria agramatical. Por outro lado, a presença do headshake concomitante à produção do sinal verbal é gramatical em LSC e DGS, enquanto em ASL não. Além disso, o Prof. Pfau relata que em ASL o headshake costuma se espraiar por toda a frase verbal.

Na sequência, o palestrante traz um estudo baseado no corpus da NGT, no qual foram analisados 35 vídeos, totalizando 1h30min de duração (CRASBORN et al., 2008). Esses dados incluem diálogos envolvendo 22 surdos sinalizantes nativos, 14 mulheres e oito homens, todos da região de Groningen e deles foram excluídas palavras negativas como NADA e NUNCA ou modais negativos. De acordo com o Prof. Pfau, os dados sugerem que a NGT se comporta como uma língua sinalizada com dominância não-manual para expressar negação (cf. COERTS, 1992). Apesar disso, é possível observar a presença de um marcador manual.

Finalizando a primeira parte, o Prof. Pfau reitera que o headshake comumente ocorre junto com o negador manual (KENDON, 2002; HARRISON, 2014), bem como seu uso e escopo estão relativamente sujeitos às restrições específicas de cada língua (QUER, 2012; PFAU, 2015; GÖKGÖZ, 2021). Além disso, o headshake parece estar fortemente ligado à estrutura sintática do enunciado.

Na segunda parte da apresentação, além da classificação binária apresentada, o Prof. Pfau levanta outros padrões de categorização possíveis para expressar a negação nas línguas sinalizadas. Os dois padrões mencionados até aqui podem ser descritos por meio de dois parâmetros: o primeiro relacionado à obrigatoriedade da presença de um negador manual e o segundo à opcionalidade do espraiamento do traço não-manual. Ambos os parâmetros podem ser marcados positiva e negativamente. Nesses termos, línguas de dominância manual são caracterizadas como sendo marcadas positivamente para o primeiro parâmetro e negativamente para o segundo (cf. LIS). Inversamente, línguas de dominância não-manual se caracterizam como marcadas negativamente para o primeiro parâmetro e positivamente para o segundo (cf. DGS). Segundo o Prof. Pfau, com base em estudos mais recentes, a RSL não se encaixa nesses padrões, pois, apesar de seu marcador manual ser de presença obrigatória, o headshake deve se espraiar para o verbo, como no exemplo 3b (RUDNEV; KUZETSOVA, 2021).

Figure 2.

O professor ainda ressalta que esse espraiamento na RSL pode ir mais além, se estendendo por toda a oração e evidenciando que esse tipo de ocorrência sugere um terceiro padrão tipológico: com dominância manual e não-manual. Além disso, como mencionado pelo Prof. Pfau, na RSL a ordem das palavras muda. Na sentença afirmativa em 3a, a ordem sintática segue o padrão SVO. Nas sentenças negativas, exemplificada em 3b, existe uma forte tendência para a ordem SOV (PASALSKAYA, 2018).

Embora a TID tenha sido considerada como u ma língua de dominância manual, portanto, sem espraiamento dos marcadores não-manuais, headshake e backward head tilt, segundo o Prof. Pfau, um estudo de Gökgöz (2011) contesta esse tratamento. Esse estudo mostra que o headshake não é um marcador negativo sintático, mas sim um traço fonológico de alguns itens lexicais negativos, e que, como tal, não pode se espraiar. Além disso, o estudo documenta a existência de um outro marcador não-manual gramatical produzido por movimentos das sobrancelhas que as mudam de sua posição neutra (nbp11). Diferentemente do headshake e do backward head tilt, esse marcador pode se espraiar por toda a oração, como ilustrado no exemplo 4:

Figure 3.

Percebe-se que o backward head tilt acompanha apenas o marcador manual negativo, enquanto que a posição da sobrancelha se espraia por toda a oração. Logo, a TID entraria na mesma classificação da RSL, pois ela é marcada positivamente, tanto para o parâmetro da obrigatoriedade do marcador manual como para a opcionalidade do espraiamento do marcador não-manual.

Dando continuidade, o Prof. Pfau cita um estudo mais recente sobre a língua de sinais polonesa, PJM12, que sugere um quarto padrão. Segundo Kuder (2021), apesar de comum, o headshake não ocorre em todas as orações negativas. Por outro lado, é possível expressar a negação utilizando apenas esse marcador não-manual, sugerindo que a PJM pode ser uma língua sinalizada de dominância não-manual. Além disso, o headshake raramente se espraia para além de um único sinal. Sendo assim, a PJM seria marcada negativamente, tanto para o parâmetro da obrigatoriedade do marcador manual como para a opcionalidade do espraiamento do marcador não-manual.

Com base em Johnston (2018), o Prof. Pfau indica que a língua de sinais australiana, Auslan13, parece se comportar de uma forma diferente dos quatro padrões apresentados até aqui. Johnston investigou orações de um corpus de 25 horas e, nelas, a maioria continha um sinal negativo manual, sugerindo que a Auslan seria uma língua de dominância manual. Constatou-se também que o headshake não era muito comum, observado em apenas metade das orações. Além disso, o comportamento e a posição desse marcador se mostra não ser linguisticamente regido. Ao que parece, o headshake na Auslan ainda não está gramaticalizado como nas demais línguas sinalizadas apresentadas. Segundo Johnston, esse marcador se assemelha ao gesto negativo que co-ocorre com o inglês falado.

Na terceira parte, o Prof. Pfau traz dados de estudos recentes que adicionam outros tipos de estratégias para expressar negação nas línguas sinalizadas (CAPONIGRO; DAVIDSON, 2011; HUDDLESTONE, 2021). A primeira citada por ele diz respeito a construções que envolvem uma pergunta seguida de uma resposta negativa. Essa construção é ilustrada com o exemplo da DGS que reproduzimos em 5. Nele se observa o levantamento das sobrancelhas, raised eyebrows (re), na porção do enunciado correspondente à pergunta, e o headshake (hs), na sequência, durante a produção do negador manual.

Figure 4.

A sentença significa ‘minha mãe não comprou uma flor’, porém o sinalizante realiza uma pergunta e, em seguida, fornece a resposta negativa dessa pergunta. Segundo o Prof. Pfau, essa estratégia de negação é bastante comum na SASL. O estudo de Huddlestone (2021), baseado em dados eliciados e semi-espontâneos, totalizando 135 exemplos, indica que a SASL também se classifica como uma língua de dominância não-manual. Mais da metade das construções negativas analisadas apresentam uma estrutura de perguntas e respostas polares. Huddlestone completa que parte da resposta pode ser expressa tanto pelo headshake como também por um negador manual acompanhado do headshake, o que pode ser observado no dado a seguir, glosado a partir do vídeo apresentado pelo Prof. Pfau:

Figure 5.

O professor menciona que, nesse exemplo, durante a expressão da pergunta, além das sobrancelhas levantadas, a sinalizante inclina a cabeça para frente, voltando à posição neutra durante a resposta.

Na sequência, o Prof. Pfau aborda uma outra estratégia para se expressar negação: a concordância negativa. Segundo ele, é esperado que quando dois elementos negativos ocorrem em uma mesma sentença eles se cancelem, porém no fenômeno denominado como 'concordância negativa’ não é isso que ocorre, pois o significado permanece negativo. O professor menciona que padrões variados podem ser encontrados na concordância negativa. Existem línguas em que a concordância negativa é a estratégia padrão para se expressar a negação. Em outros casos, é possível que a concordância negativa seja obrigatória em contextos específicos, como no caso do italiano. E, ainda, existem línguas que utilizam a concordância negativa de forma opcional, como o georgiano (ZEIJLSTRA, 2004; 2016).

Em relação às línguas sinalizadas, o professor explica que a concordância negativa padrão é atestada tanto em línguas de dominância manual como em línguas de dominância não-manual (PFAU, 2015; 2016). No primeiro caso, utiliza-se um marcador negativo manual e um outro não-manual. No segundo, utilizam-se dois marcadores manuais combinados. Nesse caso, o headshake, por ser um componente lexical do marcador manual negativo, logo, não conta como um marcador não-manual independente. O Prof. Pfau relata que é possível encontrar a concordância negativa envolvendo dois marcadores manuais combinados, também em línguas sinalizadas de dominância não-manual. No entanto, em alguns casos, essa estratégia de negação é considerada agramatical (cf. DGS; LIS).

Na sequência, o professor apresenta exemplos de concordância negativa opcional, retirados de dados da TID, da língua de sinais georgiana, GESL14, e da LSC (GÖKGÖZ, 2011; PFAU; MAKHAROBLIDZE; ZEIJLSTRA, submetido; PFAU; QUER, 2007). Na GESL é possível negar a oração utilizando um único marcador manual negativo, podendo excluir a partícula negativa (NEG-1) do final da sentença. Porém, no contexto apresentado em 7, é bastante comum a ocorrência de ambos os marcadores:

Figure 6.

Além desse padrão, o professor apresenta um caso especial de concordância negativa, encontrado na libras, ASL e NGT: a duplicação da negação15 (NUNES; QUADROS, 2008; PETRONIO, 1993; VAN BOVEN; OOMEN; PFAU, submetido). Nesse caso, os dois marcadores manuais são idênticos, trazendo um significado enfático para a oração. Já na RSL, o professor argumenta que a concordância negativa é expressa através de dois sinais manuais utilizados obrigatoriamente em contextos específicos. Mesmo utilizando negadores indefinidos, como ninguém e nada, é obrigatória a utilização de um outro elemento negativo manual, como se pode ver em 8a e 8b (KUHN, 2020):

Figure 7.

O Prof. Pfau reporta que na GESL a concordância negativa não é obrigatória, mas deve ocorrer em casos que apresentam tempo verbal no pretérito, orações com advérbios e modais negativos (MAKHAROBLIDZE; PFAU, 2018). Os exemplos em 9a-b ilustram contextos em que são usados tanto advérbios, ONTEM, como modais negativos, QUERER NÃO ou PODER NÃO-1, que requerem a concordância negativa. Uma evidência dessa exigência é a agramaticalidade em 9c, em que o negador básico não aparece no final da sentença.

Figure 8.

Segundo Makharoblidze e Pfau (2018), em contextos diferentes daqueles em 9, ou seja, no pretérito e com modais negativos, a co-ocorrência de dois marcadores manuais negativos na mesma oração torna a sentença agramatical. Sendo assim, a GESL apresenta um tipo de concordância negativa específica ao tempo verbal, também atestado em línguas faladas. Nessas últimas, no entanto, a concordância nunca é restrita a um tipo específico de verbo, como modais, por exemplo (MIESTAMO, 2005).

Na sequência, o Prof. Pfau traz, de forma breve, mais uma estratégia para expressar negação: o alçamento da negação16. Segundo ele, esse fenômeno semântico é muito estudado nas línguas faladas. Nessa estratégia, a negação expressa em uma oração principal pode ser interpretada em uma oração encaixada. O professor traz dois exemplos do inglês:

Figure 9.

Em 10a, a negação na oração principal ou na oração encaixada não muda o significado da mensagem, diferentemente do que ocorre em 10b. Esse fenômeno, segundo o Prof. Pfau, só ocorre com certos predicados, como pensar e acreditar. Com o verbo dizer, por exemplo, essa estratégia não é possível. Apesar de não reportar seus resultados, o professor menciona a existência de pesquisas que investigam a ocorrência de alçamento da negação na TID e na Auslan (cf. GÖKSEL; KELEPIR, 2016; JOHNSTON, 2018) como também na NGT (cf. OOMEN; PFAU; KLOMP, 2019).

Na quarta e última parte, o Prof. Pfau traz especulações sobre o ciclo de Jespersen. Segundo o professor, línguas que exprimem um padrão pré-verbal para expressar negação podem sofrer um processo de enfraquecimento semântico e redução fonológica desse marcador. Com isso, surge uma necessidade de reforçar a negação, adicionando um outro marcador negativo pós-verbal. Com o passar do tempo, a forma pré-verbal enfraquecida desaparece e a pós-verbal se torna o negador sentencial, finalizando o ciclo Jespersen. Para ilustrar, o Prof. Pfau mostra um exemplo do francês falado. O professor divide o ciclo em quatro estágios. No primeiro, o advérbio ne ‘não’, que é o marcador principal de negação, ocupa a posição pré-verbal. No segundo estágio, o substantivo pas ‘passo’ é acrescentado em posição pós-verbal, sendo um elemento enfático da negação. No terceiro, é possível perceber a redundância da negação, marcada pelo ne em posição pré-verbal e o pas em posição pós-verbal. Porém, nesse estágio, o pas deixa de ser um item complementar da negação e passa a ser utilizado como um marcador obrigatório da negação. No quarto e último estágio, o negador pré-verbal ne deixa de ser obrigatório e o negador pós-verbal pas passa a ser obrigatório, tanto na fala como na escrita. Com isso, o processo de mudança da negação sentencial do francês estaria finalizado, passando de uma negação pré-verbal para dupla negação e, posteriormente, para negação pós-verbal, completando o ciclo de Jespersen.

Para o Prof. Pfau, esse ciclo também pode ocorrer de forma semelhante nas línguas sinalizadas. Apesar de admitir a necessidade de pesquisas mais substanciais, o professor ilustra esse ciclo dizendo que o gesto manual negativo realizado com o indicador estendido e demais dedos fechados deve ter se lexicalizado como negador manual em algumas línguas de sinais. Por conta de sua frequente co-ocorrência com o headshake, esse aspecto não-manual pode ter sido reinterpretado como parte do sinal. Com o passar do tempo, esse headshake, segundo o Prof. Pfau, pode ter começado a se espraiar para o sinal adjacente. Com isso, criam-se as condições necessárias para que ele tenha sido reinterpretado como um marcador negativo independente.

A palestra do Prof. Pfau, a nosso ver, fornece subsídios para a pesquisa da negação nas línguas sinalizadas, uma vez que ele chama a atenção para a diversidade tipológica na expressão da negação nessas línguas. Mesmo que as pesquisas sobre negação nas línguas sinalizadas sejam ainda incipientes, os trabalhos citados pelo professor em sua fala colocam em cena um vasto campo a ser investigado e colaboram para um avanço na análise linguística de línguas como a libras, por exemplo, ainda pouco estudada nesse aspecto.

Até o momento, a libras conta com apenas dois estudos sobre a negação. Brito (1995) realizou o prime iro, no qual a autora documenta três estratégias para se expressar negação nessa língua: 1) a negação através do negador manual NÃO, que pode ocorrer em posição pré-verbal ou pós-verbal; 2) a negação não-manual, que ocorre simultaneamente por meio do headshake; e 3) a incorporação da negação, através da qual um item lexical de polaridade positiva sofre alteração em um dos parâmetros, mais precisamente o movimento, se tornando um item de polaridade negativa. Posteriormente, Arrotéia (2005) avança nas pesquisas sobre a negação na libras, desmembrando a negação não-manual em headshake e negação facial. Esse desmembramento é motivado, segundo a autora, pelo fato de o headshake se constituir na libras como um elemento unicamente afetivo e sem caráter gramatical, enquanto a negação facial desempenha o papel de marcador de negação sintática nessa língua. Mais recentemente, Almeida (em preparação), com base em dados naturalísticos, tem observado que a libra s apresenta um comportamento semelhante ao de línguas de dominância não-manual. Além disso, o autor também tem observado, entre as estratégias de se expressar negação, construções de perguntas e respostas polares, atestadas também na DGS e SASL.

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