(Auto)Representações sociodiscursivas de imigrantes e refugiados no contexto das “migrações Sul-Sul”
Resumo
Este trabalho se volta para o estudo das representações sociodiscursivas de imigrantes e refugiados que se deslocam para o Brasil no contexto das chamadas “migrações Sul-Sul”. Tendo como objetivo analisar as representações sociodiscursivas que emergem da instância midiática e compará-las aos modos como imigrantes e refugiados se representam em suas próprias narrativas de vida, partimos da identificação dos estatutos legais que representam esses sujeitos nos dispositivos que regulamentam as migrações em âmbito nacional e internacional. Em seguida, recorremos à Análise do Discurso de orientação francesa (ADF) e a teorias que com ela dialogam para (re)elaborar as noções de representações sociais e de imaginários sociodiscursivos, direcionando-as para uma reflexão sobre os discursos das mídias, bem como sobre o gênero “narrativa de vida”. Com base em um “dispositivo individualizado de análise”, analisamos discursivamente os textos do corpus, composto por notícias da imprensa de referência mineira e por narrativas de vida elaboradas a partir de entrevistas concedidas por imigrantes e refugiados residentes na região metropolitana de Belo Horizonte. Assim, pudemos comprovar nossas hipóteses iniciais, especialmente a de que há uma desigualdade de espaços de fala destinados à discussão das migrações contemporâneas e a de que imigrantes e refugiados não se sentem, na maioria das vezes, representados nos/pelos discursos institucionais/midiáticos, o que aponta para a necessidade de a sociedade de acolhimento restituir-lhes, como um direito, seu lugar de fala e de representatividade
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