MARCAS PONTUACIONAIS NOS LIVROS DO TOMBO DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA BAHIA
Resumo
A transcrição diplomática e a consequente edição diplomático-interpretativa dos Livros do Tombo do Mosteiro de São Bento da Bahia mostraram, nesses documentos jurídicos, marcas pontuacionais que podiam ser encontradas nos documentos da Idade Média. Os resquícios medievais não são uma novidade nessa documentação notarial, desde o fato de fazer copiar para preservar o patrimônio até os ritos de posse, passando pelos ritos de passagem. O processo de edição diplomático-interpretativa exigiu do editor, para a manutenção das características da scripta, que analisasse o sistema pontuacional utilizado no texto. Assim, além de manter os diacríticos utilizados ‒ ponto, vírgula, ponto e vírgula, dois pontos ‒, teve de levar em consideração outros sinais ‒ tais como: hífen (-), sinal de igualdade (=), barra inclinada simples (/) ou dupla (//), barra inclinada ponto (/.) ‒, e o uso das letras maiúsculas e dos marcadores discursivos ‒ coordenante e, o subordinante que (sem função sintática), entre outros. O parágrafo pode ser indicado com o uso do caldeirão (Î) ou do sinal semelhante ao atual indicador de parágrafo (§). A partir dos estudos sobre a pontuação em manuscritos portugueses medievais, pretende-se mostrar como os documentos trasladados nos Livros do Tombo conservaram essas marcas, mantendo, desse modo, os hábitos pontuacionais da escrita medieval. Reitera-se, ainda, o uso retórico da pontuação.