Da panaforização à metaforização: o caso de uma pequena frase sem eira nem beira textual

Roberto Leiser BARONAS

Resumo

Neste  artigo, apoiados na Análise   de Discurso de base enunciativa, mais  especificamente em  Maingueneau  (2010, 2011a, 2011b e  2012), procuramos analisar a  irrupção, a retomada,  a  transformação  e a  circulação do  enunciado  de curta  extensão  “A esperança venceu o medo”, dado a circular pelos mais  diversos suportes midiáticos  brasileiros a partir do  segundo  semestre  de  2002. De forma  não  tão  exaustiva,   estabelecemos como recorte temporal  o período compreendido  entre os anos de 2002 a 2012.  Inicialmente, procuramos definir as características linguísticas e discursivas da expressão enunciado de curta extensão, diferenciando-o,  por exemplo,  de outros  como slogan,  provérbios,  máxima,  fórmula. Num segundo momento,  descrevemos as  características enunciativas  desse fenômeno  linguístico- discursivo. A seguir, discorremos sobre as características linguístico-discursivas que favorecem a  retomada,  a  transformação  e a  circulação do  enunciado.  Em conclusão,  por  um lado, comentamos  acerca dos  determinantes   genéricos e  semióticos  mobilizados   pela  mídia  na retomada,  transformação  e circulação do enunciado  em questão  e, por outro,  discutimos  os diferentes acontecimentos discursivos engendrados por tais retomadas  e circulação, entendendo o enunciado  “A esperança venceu o medo”, por conta não só da sua ampla circulação, mas pelo fato mesmo de designar ao longo de mais  de uma  década, os mais  diferentes acontecimentos discursivos, enquanto  uma  metaforização,  que difere do conceito de panaforização,  proposto por Maingueneau  2010.