Da panaforização à metaforização: o caso de uma pequena frase sem eira nem beira textual
Resumo
Neste artigo, apoiados na Análise de Discurso de base enunciativa, mais especificamente em Maingueneau (2010, 2011a, 2011b e 2012), procuramos analisar a irrupção, a retomada, a transformação e a circulação do enunciado de curta extensão “A esperança venceu o medo”, dado a circular pelos mais diversos suportes midiáticos brasileiros a partir do segundo semestre de 2002. De forma não tão exaustiva, estabelecemos como recorte temporal o período compreendido entre os anos de 2002 a 2012. Inicialmente, procuramos definir as características linguísticas e discursivas da expressão enunciado de curta extensão, diferenciando-o, por exemplo, de outros como slogan, provérbios, máxima, fórmula. Num segundo momento, descrevemos as características enunciativas desse fenômeno linguístico- discursivo. A seguir, discorremos sobre as características linguístico-discursivas que favorecem a retomada, a transformação e a circulação do enunciado. Em conclusão, por um lado, comentamos acerca dos determinantes genéricos e semióticos mobilizados pela mídia na retomada, transformação e circulação do enunciado em questão e, por outro, discutimos os diferentes acontecimentos discursivos engendrados por tais retomadas e circulação, entendendo o enunciado “A esperança venceu o medo”, por conta não só da sua ampla circulação, mas pelo fato mesmo de designar ao longo de mais de uma década, os mais diferentes acontecimentos discursivos, enquanto uma metaforização, que difere do conceito de panaforização, proposto por Maingueneau 2010.