Políticas linguísticas em Angola: sobre as políticas educativas in(ex)cludentes

Ezequiel Pedro José BERNARDO,
Cristine Gorski SEVERO

Abstract

Angola é um país multilingue e heterogêneo, onde o cenário linguístico carece de uma política de Estado que contribua efetivamente para a interação entre a língua hegemônica, a língua portuguesa, e as línguas nacionais. A política linguística angolana não tem favorecido uma política de inclusão e de justiça social, que permita que falantes de línguas maternas angolanas e que desconhecem a língua portuguesa tenham seu discurso legitimado. Nesse artigo, procuramos compreender como as políticas linguísticas gerais e educacionais operam em Angola. Enfocamos, mais especificamente, a proposta de política bilíngue educacional que, a nosso ver, pouco contribui para a legitimação das línguas nacionais.

Full-text of the article is available for this locale: Português (Brasil).

References

ANGOLA. Constituição da República. Luanda: Assembleia Nacional, 2010.

ANGOLA. Diário da República, Lei de bases do sistema de educação e ensino. Luanda: Imprensa, 2016.

BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico. 56. ed. São Paulo: Parábola, 2015.

BERNARDO, Ezequiel Pedro José. Norma e variação linguístca: implicações no ensino da língua portuguesa em Angola. In: TIMBANE, Alexandre António; BALSALOBRE, Sabina Rodrigues Garcia (orgs.). África em Língua Portuguesa: variação no português africano e expressões literárias. Lisboa: AULP, 2017. p. 37-52.

BERNARDO, Ezequiel Pedro José. Política linguística para o ensino bilíngue em Angola. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em

Linguística, Florianópolis, 2018. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/194395. Acesso em: 10 jan. 2019.

BOLZAN, Ourora Rosalina. Cultura e Escola. Santa Catarina: Unichapecó, 2011.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. São Paulo: Graal, 2016.

LAGARES, Xoán. As minorias linguísticas, as políticas normativas e os mercados. Uma reflexão a partir da língua galega. In: BAGNO M; LAGARES X. (org.). Políticas da norma e conflitos linguísticos. Rio de Janeiro: Parábola, 2011. p. 169-192.

LOPES, Ana Mónica Henriques. Descolonização e Racismo: atualidade e crítica “Neocolonialismo na África”. Sankofa. Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana, v.4, n. 8, dez. 2011. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/sankofa/article/download/88804/91687. Acesso em 25 abr. 2017.

MAKONI, Sinfree; MEINHOF, Ulrike Hanna. Linguística Aplicada na África: Desconstruindo a Noção de Língua. In: LOPES, Mota (org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. p. 191-213.

MANUEL, Nicolau Nkiawete. Linguage end Literacy Plicies in Sub-Saharan Africa. Whashington: SU, 2015.

NGABA, André Vela. Política Linguísticas em Angola (1975 - 2005). Mbanza-Kongo: Sedieca, 2012.

NTONDO, Zavoni. Línguas africanas em tempos de mudanças. Seminário Internacional Acolhendo as Línguas Africanas – SIALA – Línguas e culturas afrobrasileiras e as novas tecnologias, Salvador, 22 a 26 de setembro de 2014, p. 1-6.

NZAU, Domingos Gabriel Ndele. A Língua Portuguesa em Angola: Um contributo para o Estudo da sua Nacionalização. Covilhão: UBI, 2011.

REIS, Eliana Lourenço de Lima. Pós-Colonialismo, Identidade e Mestiçagem Cultural. Belo Horizonte: UFMG, 2011.

SEVERO, Cristine. Línguas e Estados nacionais: problematizações históricas e implicações. In: SERRA, Carlos (org.). Estão as Línguas Nacionais em Perigo? Lisboa: Escolar Editora, 2014, p. 10-36.

SEVERO, Cristine Gorski; MAKONI, Sinfree. Políticas Linguísticas Brasil-África. Santa Catarina: Isular, 2015.

UNESCO. Declaração Universal dos Direitos Linguísticos. Barcelona: UNESCO, 1996.