O verbo e o substantivo em livros didáticos: contribuições da gramática gerativa às aulas de português
Abstract
Este trabalho tem por objetivo principal fazer um levantamento dos critérios utilizados para a conceituação de duas classes de palavras, o substantivo e o verbo, em três livros didáticos de língua portuguesa (do Ensino Médio). Os três livros consultados recorrem sobretudo a critérios morfossemânticos para a conceituação dos vocábulos. Recorrendo à epistemologia da Gramática Gerativa (Chomsky, 1986) e à sua metodologia de investigação, o trabalho sugere – no espírito de Câmara Jr. (1970) e, sobretudo, Donati (2008) – que não somente critérios morfossemânticos sejam contemplados na conceituação e classificação das classes de palavras; critérios sintáticos, por levarem em conta a posição do vocábulo na frase e serem diagnosticados com base na intuição do falante sobre os dados da língua (o que guarda semelhança com a metodologia de julgamentos de sentenças, típica da investigação gerativista), devem não só serem contemplados como também problematizados na classificação dos vocábulos na Educação Básica.
Full-text of the article is available for this locale: Português (Brasil).
References
BASSO, R.; OLIVEIRA, R. P. Feynman, a linguística e a curiosidade revisitado. Matraga, v.19, n.30, 2012, p. 13-40.
BORGES NETO, J. Ensaios de filosofia da linguística. São Paulo: Parábola, 2004.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Centro Gráfico, 1988.
______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
______. Secretaria de Educação. Parâmetros curriculares nacionais: Ensino médio: partes I e II. Brasília: SEB/MEC, 2000.
______. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2017.
CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português: Linguagens, Volume 2, Ensino Médio. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
CHOMSKY, N. Knowledge of Language: Its Nature, Origin, and Use. NY: Praeguer, 1986.
DONATI, C. La sintassi: regole e strutture. Bologna: il Mulino, 2008.
GERALDI, J. W. Unidades básicas do ensino de português. In: ___. O texto na sala de aula: leitura & produção. 2.ed. Cascavel: Assoeste, 1984, p. 49-70.
GONÇALVES, C. A. Iniciação aos estudos morfológicos: flexão e derivação em português. São Paulo: Contexto, 2011.
ILARI, R.; POSSENTI, S. Português e ensino de gramática. Projeto Ipê – Língua Portuguesa II. São Paulo: SEE/CENP. São Paulo (Estado), 1989.
JAPIASSU, H. Introdução às Ciências Humanas. São Paulo: Letras & Letras, 1994.
KAYNE, R. Some notes on comparative syntax, with special reference to English and French. In: CINQUE, G.; KAYNE, R. (Eds.) The Oxford Handbook of Comparative Syntax. Oxford: OUP, 2005, p. 3–69.
NEGRÃO, E. et al. Sintaxe: explorando a estrutura da sentença. In: FIORIN, J. L. (Org.) Introdução à Lingüística II. Princípios de análise. São Paulo: Contexto, 2003, p. 81-109.
NESPOLI, J. B. Representação mental do perfect e suas realizações nas línguas românicas: um estudo comparativo. Tese (Doutorado em Linguística), UFRJ, 2018.
NEVES, M. H. Gramática na escola. São Paulo: Contexto, 2010 [1990].
PERINI, M. A. Princípios de linguística descritiva: introdução ao pensamento gramatical. São Paulo: Parábola Editorial, 2006, p. 131-135.
PILATI, E. Linguística, gramática e aprendizagem ativa. São Paulo: Pontes, 2017.
PINILLA, M. A. M. Classes de palavras. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S.F. (Org.) Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007, p. 169-183.
PIRES DE OLIVEIRA, R. A linguística sem Chomsky e o método negativo. ReVEL, vol. 8, n. 14, 2010, p. 1-19.
PIRES DE OLIVEIRA, R.; QUAREZEMIN, S. Gramáticas na escola. Petrópolis: Vozes, 2016.
SARMENTO, L. L. Gramática em textos: volume único. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2012.
SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1977.