O governo da língua: implicações do conceito de gestão na política linguística

Charlott Eloize LEVISKI

Abstract

O presente artigo discute os efeitos dos pressupostos econômicos na concepção teórica da gestão linguística, saber produzido no campo de pesquisa da Política Linguística. Inicialmente, aciona-se um diálogo teórico entre política, economia e teologia para compreender as implicações do  construto  de gestão, um conceito que aparentemente advém da esfera econômica e se alastrou para as diversas esferas de atuação humana, principalmente a esfera política. Em seguida, procede-se com uma análise dos discursos que versam sobre a gestão da língua encontrados em construtos de planejamento linguístico, no âmbito dos estudos sociolinguísticos.

Full-text of the article is available for this locale: Português (Brasil).

References

AGAMBEN, G. Da teologia política à teologia econômica. Entrevista por Gianluca Sacco. Tradução de Selvino José Asmann. Interthesis, v. 2, n. 2, jul./dez. 2004.

AGAMBEN, G. O reino e a glória: uma genealogia teológica da economia e do governo, homo sacer II. Tradução de Selvino José Assmann. São Paulo: Boitempo, 2011.

AGAMBEN, G. O amigo & O que é dispositivo? Tradução de Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos, 2014.

ARAUJO, C. A. C.; RENTES, A. F. A metodologia kaizen na condução de processos de mudança em sistemas de produção enxuta. Revista Gestão Industrial, v. 2, n. 2, 2006.

ARENDT, H. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005 [1958].

BAZZICALUPO, L. A economia como lógica de governo. Tradução de Selvino José Assmann. L’economia come logica di governo. Spazio filosofico, 2013, p. 21-29. Disponível em: http://www.spaziofilosofico.it/wp-content/uploads/2013/01/Bazzicalupo2.pdf. Acesso em: 16 fev. 2017.

BEHAR, M.; LIMA, N. P. Introdução. In: SMITH, A. A riqueza das nações: uma investigação sobre a natureza e as causas das riquezas das nações. Tradução de Norberto de Paula Lima. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. p. 7-19.

CALVET, L. J. As políticas linguísticas. São Paulo: Parábola; Florianópolis: IPOL, 2007.

CALVET, L. J. Le marché aux langues: Les effets linguistiques de la mondialisation. Paris: Plon, 2002.

CARVALHO, F. J. C. Equilíbrio fiscal e política econômica keynesiana. Revista Análise Econômica, Porto Alegre, v. 26, n. 50, p. 7-25, 2008.

CURRY, J. The flexibility fetish: a review essay on flexible specialisation. Capital & Class, v. 17, n. 2, p. 99-126, 1993.

DAHLET, P. Apagar as divisões, celebrar o consenso: a governança discursiva na era neoliberal. Todas as Letras, v. 16, n. 1, p. 125-138, 2014.

FILOZOFICKÁ FAKULTA UNIVERZITY KARLOVY V PRAZE. Language Management. (2013). Disponível em: http://languagemanagement.ff.cuni.cz/jernudd. Acesso em: 13 abr. 2017.

FIORI, J. L. Estado de Bem-Estar Social: Padrões e Crises. PHYSIS, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 129-147, 1997.

FISHMAN, J. A. Some Contrasts Between Linguistically Homogeneous and Linguistically Heterogeneous Polities. In: FISHMAN, J. A; FERGUSON, C. A.; DAS GUPTA, J. Language Problems of Developing Nations. New York: John Wiley and Sons, 1968. p. 53-68.

FISHMAN, J. A. Nationality-nationalism and nation-nationism. In: FISHMAN, FERGUSON, and Das GUPTA. Language Planning Processes in Developing Countries. New York: John Wiley and Sons, 1968. P. 39-51.

FOUCAULT, M. Segurança, Território, População. Curso dado no Collège de France (1977-1978). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

FOUCAULT, M. Aula de 17 de março de 1976. In: Em defesa da sociedade - curso no Collège de France, 1975-1976. 2. ed. Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2010. p. 285-315.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 3. ed. Tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.

GERTH, H.H.; MILLS, C. W. Introdução: o homem e sua obra. In: GERTH, H. H.; MILLS, C. W. Max Weber: ensaios de Sociologia. Tradução de Waltensir Dutra. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1982, p. 15-89.

HAUGEN, E. Language Planning in modern Norway. Scandinavian Studies, Dinamarca, v. 33, n. 2, 1961. p. 68-81.

HAUGEN, E. Linguistics and language planning. In: BRIGHT, W (editor). Sociolinguistics: Proceedings of the UCLA Sociolinguistics Conference. 2. ed. Mouton, University of California, Los Angeles, 1985 (1966). p. 50-66.

KAPLAN, R. B.; BALDAUF, R. B. Jr. Language Planning from practice to theory. England: Multilingual Matters, 1997.

JERNUDD, B. H. Notes on economic analysis for solving language problems. In: RUBIN, J.; JERNUDD, B. H. Can language be planned? Sociolinguistic Theory and Practice for Developing Nations. Honolulu: University of Hawai’i Press, 2018 [1971]. Disponível em: https://muse.jhu.edu/chapter/2179854. Acesso em: 20 mar. 2019.

JERNUDD, B. H.; DAS GUPTA, J. Towards a theory of language planning. In: RUBIN, J.; JERNUDD, B. H. Can language be planned? Sociolinguistic Theory and Practice for Developing Nations. Honolulu: University of Hawai’i Press, 2018 [1971]. Disponível em: https://muse.jhu.edu/chapter/2179854. Acesso em: 20 mar. 2019.

JERNUDD, B.; NEKVAPIL, J. History of the field: a sketchp. In: SPOLSKY, B. The Cambridge Handbook of Language Policy. New York: Cambridge University Press, 2012. p. 16-36.

JOHNSON, D. C.; RICENTO, T. Conceptual and theoretical perspectives in language planning and policy: situating the ethnography of language policy. International journal of the Sociology of Language. 2013, p. 7 – 20.

KEYNES, J. M. Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Saraiva, 2014.

KUZNETS, S. Modern Economic Growth: Rate, Structure, and Spread. New Haven and London: Yale University Press, 1966.

LIDDEL, H. G.; SCOTT, R. An Intermediate Greek-English Lexicon. Oxford: Clarendon Press, 1889. In: Perseus Digital Library. Disponível em: http://www.perseus.tufts.edu/hopper/textdoc=Perseus%3Atext%3A1999.04.0058%3Aentry%3Doi)konomi%2Fa. Acesso em: 18 fev. 2017.

MAKONI, S. et al. Colonial and post-colonial language policies in Africa: historical and emerging landscapes. In: SPOLSKY, B. The Cambridge Handbook of Language Policy. New York: Cambridge University Press, 2012. p. 523-543.

MARAZI, C. O lugar das meias. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2009.

NEKVAPIL, J. From language planning to language management: J. V. Neustupný´s heritage. Media an Communication Studies, 63, Hokkaido University, 2012, p. 5-31.

NEUSTUPNÝ, J. V.; NEKVAPIL, J. Language Management in the Czech Republic. Current Issues in language planning. v. 4, n. 3-4, 2003, p. 181- 366.

OLIVEIRA, G. M. O lugar das línguas: A América do Sul e os mercados linguísticos na Nova Economia. Synergies Brésil n. 1, 2010, p. 21-3.

OLIVEIRA, G. M. Um atlântico ampliado. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). O português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola, 2013. p. 53-73.

PINTO, G. A. O Toyotismo e a mercantilização do trabalho na indústria automotiva do Brasil. Caderno CRH, Salvador, v. 25, n. 66, p. 535-552, 2012.

SAYER, A. New developments in manufacturing: the just-in-time system. Capital & Class, Londres, n. 30, p. 43-72, 1986.

SEVERO, C. G. A diversidade linguística como questão de governo. Calidoscópio (UNISINOS), v. 1, p. 107-115, 2013.

SIGNORINI, I. Política, língua portuguesa e globalização. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). O português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola, 2013. p. 101-119.

SMITH, A. A riqueza das nações: uma investigação sobre a natureza e as causas das riquezas das nações. Tradução de Norberto de Paula Lima. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017.

SPOLSKY, B. Language Policy. In: COHEN, J. et al. (org.). ISB4: Proceedings of the 4th International Symposium on Bilingualism. Somerville, MA: Cascadilla Press, 2005.

SPOLSKY, B. Language management. Cambridge University Press, 2009.

SPOLSKY, B. What is Language Policy? In: SPOLSKY, B. (org.). The Cambridge Handbook of Language Policy. Cambridge: Cambridge University Press, 2012, p. 3-15.

SPOLSKY, B. Para uma Teoria de Políticas Linguísticas. Tradução de Paloma Petry. Revisão Pedro M. Garcez. ReVEL, v. 14, n. 26, 2016.

TAYLOR, F. W. Princípios de administração científica. 8. ed. Tradução de Arlindo Vieira Ramos. São Paulo: Atlas, 1990.

WATANABE, B. Toyotismo: Um Novo Padrão Mundial de Produção? Revista dos Metalúrgicos, São Paulo, dez. 1993, CUT/CNM.

ZOPPI-FONTANA, M. O português do Brasil como língua transnacional. Campinas: Editora RG, 2009.