Discursos da cena política brasileira em análise: a (des)construção da educação e da ciência na nossa formação social.

Evandra Grigoletto,
Bethania Mariani,
Gian Luigi De Rosa

Resumo

Apresentação do dossiê temático Discurso da cena política brasileira em análise: a (des)contrução da educação, da ciência, da cultura.


 

Apresentação

A proposta deste dossiê foi pensada com vistas a contemplar parte das atividades previstas no projeto de pesquisa, Discurso político e políticas públicas a partir do acontecimento do impeachment: análise dos discursos sobre ciência, educação e cultura (2019 - 2021), que conta com financiamento do Edital Universal do CNPQ1. Sob a coordenação da professora Evandra Grigoletto, a equipe do projeto é composta por mais seis pesquisadores: Bethania Mariani e Silmara Dela Silva (UFF); Helson Flávio da Silva Sobrinho e Belmira Magalhães (UFAL); Fabiele Stockmans De Nardi (UFPE) e Fernanda Lunkes (UFSB). Com o propósito de ampliar essa discussão sobre a cena política brasileira atual, tão urgente e premente no nosso país, este dossiê que ora apresentamos à comunidade científica da Abralin, e aos diferentes estudiosos da linguagem, concretiza o nosso desejo de produzir uma reflexão sobre o funcionamento da linguagem na constituição e formulação dos dizeres políticos em circulação, no período que compreende o espaço-tempo entre o processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff até os dias atuais.

Entendemos que a área das ciências da linguagem tem muito a contribuir com o debate sobre esse cenário político brasileiro na atualidade. Pensar sobre a relação da língua com o social e o político, a partir de perspectivas teóricas como a Análise do Discurso e a Sociolinguística, como era a proposta de chamada ao dossiê, no momento em que vivenciamos uma crise econômica, política e sanitária, só para citar algumas, exige da Linguística uma forte tomada de posição no seu fazer científico. Ou seja, a Linguística não pode negligenciar como tais questões atravessam a língua, os sujeitos, e, sobretudo, os modos de explicação e compreensão dos fatos/dados de linguagem. Assim, a organização deste número temático da Revista da Abralin possibilitou, não só a ampliação do corpus proposto no projeto acima mencionado - que contempla um recorte temporal que se estende do dia da votação, pela câmara dos deputados, do impedimento de Dilma Rousseff até o final do mandato do governo Temer - mas também e, sobretudo, uma análise mais aprofundada dos meandros da política brasileira, dos seus desdobramentos e seus efeitos perversos no social, a partir desse acontecimento político-histórico e discursivo que foi o processo de impeachment sofrido por Dilma Rousseff.

Nesse sentido, este dossiê pode vir a se constituir como um lugar de memória (NORA, 1993[1]), já que vai nos ajudar a compreender como o impeachment, e a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, como um dos desdobramentos desse acontecimento, vão/vem se inscrever/ndo na nossa memória social, considerando as profundas modificações pelas quais vem passando a formação social brasileira. Ainda, considerando os embates ideológicos em curso na atual conjuntura histórico-política brasileira, e considerando que esses embates se organizam em torno de violentas disputas verbais e sociais, o conjunto de artigos que compõe o dossiê nos apontam caminhos para a compreensão sobre o modo como os processos de produção de sentidos constituem e são constituídos pelas relações de poder, determinadas sócio-historicamente, no todo social. Contribuem, igualmente, para a crítica dos (des)caminhos que a sociedade brasileira vem trilhando, ao proporem outros modos de ler os dizeres políticos e compreender a política brasileira, deslocando os sentidos hegemônicos.

Vislumbrando os referenciais teóricos dos estudos da linguagem propostos para este dossiê - Sociolinguística e Análise de Discurso -, verificamos a prevalência dos estudos discursivos em relação aos sociolinguisticos. Em relação à inserção da sociolinguística, contamos com um artigo de um importante pesquisador da área, Emílio Pagotto. Entendemos que trabalhar com o discurso político brasileiro da atualidade, a partir da leitura da Sociolinguística, pode apontar para um continuum (com resultados distintos conforme o gênero discursivo), cujos pólos seriam representados por uma variedade mais formal e mais burocratizada (principalmente na comunicação institucional escrita e falada) e por uma variedade semiformal, menos burocratizada e com um léxico de uso comum (na comunicação semi-institucional e nas redes sociais). E essa é, justamente, a direção em que se encaminha o artigo de sociolinguística sintetizado mais adiante.

Amplamente mobilizado nos diferentes artigos, observamos a importância do pensamento de Michel Pêcheux para lermos os discursos políticos atuais, a partir da sua proposição da teoria da Análise do Discurso, na França, no final da década de 1960. Além de Pêcheux, comparecem outros importantes autores do campo do discurso, como Foucault, Bakhtin, Maingueneau, Orlandi, entre outros, que nos permitem ressaltar a atualidade de suas reflexões.

Considerando o número de artigos que se inscrevem na Análise de Discurso pecheutiana, e também o lugar desse autor na fundação desse campo teórico, vamos, antes de passar à apresentação dos artigos, trazer brevemente a discussão sobre o modo como a AD toma o político e a política. Vejamos.

No cenário de surgimento da Análise do Discurso na França, em pleno maio de 1968, a política e o político até podiam parecer se fundir em um só sentido: a AD é proposta como um projeto de estudos dos processos de sentido em discursos da esfera política francesa, não se interessando por “discursos ordinários” inicialmente. No entanto, Pêcheux sempre entendeu que o político estaria presente em discursos de outras ordens. Portanto, tanto o discurso político, como objeto de análise, como a política sempre estiveram no bojo central das preocupações da AD, embora hoje as materialidades sobre as quais os analistas do discurso têm se debruçado se estendam para campos muito diversos, nem sempre da política, mas sempre atravessados pelo político.

A AD estabelece, assim, uma distinção entre a política e o político: a política pertence à esfera responsável pelo funcionamento de atividades políticas definidas por partidos e instituições em seu funcionamento; o político, por sua vez, é compreendido como o incessante trabalho da língua no processo de divisão dos sentidos, das significações em disputa; ou seja, enquanto objeto simbólico, na materialidade da língua, se inscrevem diferentes processos de produção de sentidos em condições de produção determinadas de uma formação social. O político está para a AD como paráfrase do ideológico inexorável e inescapável às relações entre os sujeitos, e está presente nas diversas instituições sociais (como família, escola, igreja, justiça etc.), inclusive, e, sobretudo, na “arte política”, embora, nesse caso, a obviedade pareça esborrar os limites dos discursos.

Compõem o presente dossiê, além de uma entrevista inédita com Eni Orlandi, 14 artigos de pesquisadores brasileiros, do nordeste ao sul do país, trazendo ao leitor uma radiografia da cena política brasileira. De jovens a renomados pesquisadores, os textos trazem análises consistentes, que vão de discursos sobre o golpe/impedimento de Dilma Rousseff a declarações públicas de Jair Bolsonaro, passando por programas do governo Temer, decretos governamentais, lives presidenciais, discursos negacionistas que circulam nas redes, bem como discursos que circulam nas ruas sobre a ditadura. Assim, é possível compreender, a partir do conjunto de artigos, o modo como vêm sendo engendrados os processos de produção e gerenciamento de sentidos nesse cenário político de extrema violência, onde são forjadas práticas hegemônicas de destruição e desconstrução do patrimônio educacional, científico e cultural do Brasil.

Eni Orlandi, em entrevista realizada por duas das organizadoras do dossiê, professoras Bethania Mariani e Evandra Grigoletto, narra seu encontro com a Análise de Discurso, fala sobre sua formação, suas travessias entre diferentes países, especialmente a França, e sobre o modo como atuou politicamente, fazendo a AD ser socializada e institucionalizada. Discute, ainda, o político e o ideológico nas teorias linguísticas e na discursividade das minorias, ao refletir sobre a censura, o silêncio pelo excesso, a dessignificação, trazendo-nos questionamentos sobre as políticas linguísticas pensadas para os povos indígenas. Lembra-nos, ao responder sobre o silêncio, que a censura não existe só na ditadura militar, levando-nos a pensar sobre a eleição de Jair Bolsonaro. Segundo Eni, ao experimentarmos a extrema-direita no poder, passamos do inusitado para o inconcebível. A entrevista inédita está disponível também para o leitor nas versões em inglês e espanhol, por entendermos que a importância dessa pesquisadora, em seu percurso ímpar em propor uma Análise de Discurso brasileira, deve ultrapassar as fronteiras do território nacional.

Seguindo os textos relacionados em ordem alfabética, Ana Paula El-Jaick, com o provocante título Quarup: funeral para enterrar vivo o discurso fascista, visa fazer um diagnóstico do tempo presente tomando como objeto de análise o discurso proferido pelo atual presidente, durante a 75a edição da Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU), em 22 de setembro de 2020. Seu olhar teórico está centrado a partir dos pressupostos teóricos de Foucault, sobretudo quando de seu exame sobre as disputas, as lutas pelo e no discurso. Observando a presença de um discurso bélico e fascista, a autora conclui pela defesa dos discursos de resistência, um desejo de utopia.

Em Discursos sobre ciência, tecnologia e deslocamento de pesquisadores: o político e o científico se (des)encontram, Anderson de Carvalho Pereira traz como proposta, a partir do eixo teórico da Análise de Discurso materialista, analisar o embate discursivo entre as políticas governamentais para ciência e tecnologia e os discursos de resistência engendrados pela Academia Brasileira de Ciências e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. O corpus analisado, composto por portarias governamentais expedidas entre 2005 e 2020, explicita o gesto de construção da necessidade de tecnologia e inovação como sentidos para ciência.

Os autores Eduardo Alves Rodrigues, Cármen Agustini, Luiza Castello Branco e Renata Chrystina Bianchi de Barros colocam em discussão o modo político de significar o Brasil em diminutivo, como podemos ler no instigante título do artigo: "Isso é uma gripezinha" – o Brasil em diminutivo. Com uma proposta de análise discursiva, na perspectiva de Michel Pêcheux, de uma teia de enunciados que se entre-sustentam nesse modo político de significar o Brasil, os autores concluem que se encontra em curso uma discursividade, em que o aparente contraditório para desenvolvimento /desmonte que atinge a sociedade como um todo, se encontra sustentado pelo econômico, ou seja, pelas evidências da lógica/retórica do capital.

Em Pequeno livro do desassossego sociolinguístico, Pagotto apresenta uma análise de rara lucidez sobre o uso discursivo das estratégias de colocação pronominal, no específico do discurso político brasileiro contemporâneo. O autor analisa o discurso político a partir da evolução de estratégias discursivas implícitas e explícitas, evidenciando o uso “explicitamente” político da mesóclise e da ênclise que, consideradas até a presidência de Temer como estratégias de prestígio manifesto, sofre uma exclusão no discurso populista, porque essas estratégias normativas são consideradas pelo conservadorismo político, no poder no Brasil, uma herança do discurso político e cultural da elite de esquerda.

Sob o título “Lembrar é resistir””(?): discursos sobre o regime militar em disputa, com mais uma parceria de trabalho, Fernanda Lunkes e Silmara Dela Silva tomam como tarefa a análise dos processos de significação que têm circulado sobre o regime militar no Brasil. Para tanto, a partir da Análise de Discurso materialista, organizam um dispositivo de análise para compreender um corpus constituído por um vídeo institucional, que se encontra no site do Museu da Resistência, em São Paulo, e, também, o que chamaram de flagrantes urbanos, manifestações políticas de apoio ao regime militar em cartazes empunhados durante manifestações de rua. De acordo com as autoras, depreende-se uma tensão entre discursos de resistência ao que está sendo imposto, e aqueles de apoio cínico, que funcionam sob a forma 'eu sei, mas mesmo assim'.

Freda Indursky, nome mais do que conhecido da análise do discurso político, a partir dos pressupostos teóricos de Michel Pêcheux, toma as falas públicas do atual presidente como principal objeto de reflexões em O teatro do grotesco como cenário da desconstrução do Brasil. Chamando a atenção para o funcionamento de uma dupla face desse governo, Indursky destaca, de um lado, o teatro do absurdo político em que políticos apoiadores se contradizem, redizem, negam e afirmam, em processos visíveis publicamente nas redes sociais e em telejornais; e , de outro, nas coxias, como ela própria diz, a outra face do governo atua na desconstrução meticulosa e aniquilação de instituições, do meio ambiente, da educação, do patrimônio, da cultura, da ciência.

Os sentidos que sustentam o negacionismo científico formam o eixo de reflexão e análise de Helcira Lima, em seu artigo Discursos negacionistas disseminados em rede. A autora, no âmbito dos estudos da argumentação no discurso, analisa postagens do grupo anti-vacina e descreve o funcionamento das apropriações e ressignificações de dizeres que circulam socialmente, pautados em crenças pessoais, as quais se sobrepõem a fatos objetivos, indicando valores conservadores assentados em uma moral cristã.

Tendo como base teórica a Análise de Discurso materialista, em "Uma ponte para o futuro”: efeitos de sentido do discurso neoliberal no Brasil, os autores João Francisco Tenório Neto e Sóstenes Ericson analisam um corpus organizado a partir do documento político “Uma ponte para o Futuro” (PMDB, 2015). A importante análise realizada permitiu compreender os gestos de interpretação que constituem o documento, ou seja, deu a ver o funcionamento discursivo da preponderância econômica que, no cenário político de 2015, funcionou como base para o que, a partir de 2016, o Brasil passou a viver politicamente.

A relação entre a imprensa, o acontecimento discursivo do golpe-impeachment e o desmonte das políticas públicas, artigo de João Paulo Martins de Almeida e Maria Virgínia Borges Amaral, cuja base teórica é a Análise de Discurso materialista, propõe-se a demonstrar a relevância do acontecimento discursivo do impeachment no processo de engendramento de sentidos que se abrem para o discurso do capital no Brasil. As densas análises demonstram o quanto a imprensa participou do processo histórico que foi o acontecimento discursivo do impedimento de Dilma Rousseff e o quanto essa mesma grande imprensa, de sua privilegiada posição de poder para interpelar os sujeitos, permanece produzindo e colocando em circulação sentidos que direcionam a política.

Já, Luciana Iost Vinhas, em seu artigo, O messias que não faz milagre: notas sobre a ideologia da destruição, fundamentado nos pressupostos teórico-analíticos da Análise de Discurso materialista, propôs a análise do funcionamento discursivo de dois enunciados formulados pelo atual presidente: Já tá feito, já pegou fogo. Quer que faça o quê? O meu nome é Messias, mas eu não tenho que fazer milagre (referente ao incêndio no Museu Nacional) e Mas, e daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre (referente ao número de brasileiros mortos pela Covid-19). Relacionando as condições de produção com efeitos do nome próprio, Vinhas destaca, com rigor teórico-metodológico, os deslizamentos de sentidos entre "meu nome é Messias" e "Eu sou Messias", fazendo funcionar o que ela chama de ideologia da destruição.

De autoria de Luciane de Paula e Ana Caroline Siami, o artigo Uma análise Bakhtiniana da necropolítica brasileira em tempos de pandemia, traz como objetivo fazer a análise de certos pronunciamentos do atual presidente, estabelecendo como contraponto a presença de charges, pelas autoras compreendidas como enunciados-resposta. A base teórica para a realização das análises é a noção de necropoder, de Mbembe, em consonância a conceitos-chave de Bakhtin. De acordo com as autoras, a partir das precisas análises realizadas, pode-se depreender práticas de exclusão e de indiferença, marcas do funcionamento da necropolítica.

O artigo A luta pelo poder dizer “impeachment” e “golpe” na narrativa midiática do impedimento de Dilma Rousseff, escrito por Maria Alcione Gonçalves da Costa, tematiza a deposição da presidenta Dilma Rousseff, um acontecimento recente da vida política brasileira. Sua análise, realizada do ponto de vista da Análise de Discurso materialista, recorta, de modo bastante consistente, os modos de designação do acontecimento a partir de um corpus constituído por narrativas jornalísticas em O Globo, Carta Capital e Veja. Dentre suas conclusões, Costa destaca que o acontecimento de 2016 foi um golpe à semelhança do golpe de 1964, ambos patrocinados pela elite que domina o mercado, a mídia e a política.

Com o fio condutor teórico balizado por Foucault, o relevante artigo E daí? O sujeito fora e dentro da cena de sua fala, de Pedro de Souza, propõe uma análise do ato de enunciação presidencial "E daí?", realizado durante a pandemia. Os conceitos operatórios que regem o procedimento analítico são os da parresía, dramática do discurso e ato de fala performativo e, após densa análise, permitem ao autor concluir que a emergência do sujeito, desse sujeito que enuncia a partir de uma posição presidencial, jaz fora da ordem, fora da nova e imprevisível ordem da política contemporânea.

Fechando nosso dossiê, Roberto Leiser Baronas e Renata Carreon trazem um recorte analítico sobre o político no digital e o digital no político. Com o título Lives presidenciais: reflexões iniciais sobre o discurso político digital, e bem situados no âmbito das reflexões de Maingueneau e Paveau, os autores analisam o que chamam de um novo modo de se fazer política e de se criar um efeito de proximidade por meio de um pretenso discurso que se finge de verdadeiro, no qual se constrói uma cena de enunciação com sentidos que produzem a ilusão da aproximação dos sujeitos e, também, a ilusão do próprio regime de verdade.

Esse passeio pelos textos do dossiê nos permite vislumbrar a potência dos campos teóricos mobilizados para promover uma escuta do social (PÊCHEUX, [1966, 1983][2]). Essa escuta que se impõe, cada vez mais, aos analistas de discurso, que se apresenta, como já nos dizia Pêcheux, como uma necessidade. Uma necessidade de ouvir as “circulações cotidianas, tomadas no ordinário do sentido” (PÊCHEUX, [1983), 1997, p. 48[3]). Vivemos, hoje, no Brasil, um momento político em que, ou se busca a todo custo apagar o político da política ou acentuá-lo ao extremo. Temos observado a tentativa do apagamento do caráter ideológico da prática política, do apagamento do partido político em detrimento de um candidato. Trata-se das práticas neoliberais e os interesses do capital que, fomentando o ódio ao vocabulário marxista e ao comunismo, tem levado, por exemplo, à eleição de candidatos como Jair Bolsonaro, sob a justificativa de ser ele um político que não pratica a “velha política”, com a promessa de livrar o Brasil da corrupção e colocar Deus no comando da nação. Parafraseando Pêcheux ([1979], 2011[4]), quando fala de uma espécie de hipnose hitlerista ao analisar propagandas políticas da primeira metade do século XX, estaríamos nós vivendo uma hipnose bolsonarista? Há, evidentemente, entre os brasileiros, aqueles que continuam sob o efeito dessa hipnose, mas há também, como as análises presentes nos artigos que compõem o dossiê nos mostraram, aqueles que teimam em resistir, em distorcer os sentidos hegemônicos, em não se submeter ao autoritarismo que assolou o Brasil. Sigamos, portanto, na resistência!

Por fim, e não menos importante, não podíamos deixar de registrar nosso agradecimento à Revista da Abralin, especialmente na pessoa de sua editora geral, professora Raquel Freitag, que acolheu nossa proposta e não mediu esforços para tornar esse dossiê possível, para que ele viesse a público. Registramos, também, nossos agradecimentos aos tradutores - George Gould, Mizael Inácio do Nascimento e María Esperanza Izuel - e às professoras Giovana Campos (UFF), pela consultoria terminológica da tradução para o inglês, Fabiele Stockmans De Nardi (UFPE) e Joyce Palha Colaça (UFS), pelo importante trabalho com a revisão técnica da tradução para o espanhol, da entrevista concedida por Eni Orlandi. Ainda, gostaríamos de registrar um agradecimento especial a todos os pareceristas que atuaram nesse número e, considerando a política de ciência aberta proposta pela revista, dialogaram com os autores a partir de seus textos. Essa troca permitiu que os textos fossem aperfeiçoados e ganhassem qualidade teórico-analítica.

Fica, aqui, nosso convite à leitura.

Referências

NORA, P. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Tradução: Yara AunKhoury. In: Projeto história, nº 10. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História do Departamento de História da PUC-SP. São Paulo. Dezembro, 1993, p. 7-28.

PÊCHEUX, M. [1966] Reflexões sobre a situação teórica das ciências sociais e, especialmente, da Psicologia Social. In: PÊCHEUX, M. Análise de discurso: Michel Pêcheux. Textos selecionados por Eni Orlandi. 2ª Ed., Campinas: Pontes Editores, 2011, p. 73 - 92.

PÊCHEUX, M. [1979] Foi “propaganda” mesmo que você disse? In: PÊCHEUX, M. Análise de discurso: Michel Pêcheux. Textos selecionados por Eni Orlandi. 2ª Ed., Campinas: Pontes Editores, 2011, p. 73 - 92.

PÊCHEUX, M. [1987] O discurso: estrutura ou acontecimento. 2ª Ed., Campinas: Pontes, 1997.