Le théâtre du grotesque comme scénario de la déconstruction du Brésil

Freda Indursky

Abstract

Cet article examine, dans une perspective discursive, le discours du président élu en 2018, au Brésil. Une distinction entre défenseurs et supporteurs est établit sur la base du jeux des formations imaginaires, observées à travers ses façons de dire à propos de ces deux differénts types d´adeptes et à propos de soi même. Ses défenseurs, visibles et bruyants, habillés en verd et jaune, s´identifient entièrement avec leur président, en reproduisant ses pratiques. Ils produisent l'effet d'une masse de supporteurs, tandis que les vrais supporteurs se maintiennent invisibles, tout en soutenant leur président, pourvu qu´il réalise des réformes inhérentes à un système capitaliste néoliberal. Ce gouvernement s´acharne contre le patrimoine culturel et environnemental et démonte la santé et l´éducation publiques. Ce président, qui est arrivé au pouvoir par un processus démocratique, profite de la liberté propre à la démocratie pour s´approcher au plus des savoirs fascistes. Si, d´un côté, il est impossible d´ignorer cette avancée vers le fascisme, d´autre part, il n´est pas possible d´affirmer que l´actuel système politique brésilien soit fasciste. L´écoute discursive a montré que ce discours se matérialise à travers une langue fasciste, inscrite dans un régime de répétibilité, qui fait résonner des savoirs fascistes. En outre, cette langue - truculente et débridée - pratique la violence verbale. Son lexique, extrêmement vulgaire, expose son homophobie et misogynie. Sa mise en discours se fait sur une phraséologie marquée par une syntaxe rudimentaire, aux phrases courtes, tronquées e/ou destructurées. Cette langue est une métaphore de son gouvernement.

Full-text of the article is available for this locale: Português (Brasil).

References

ALTHUSSER, L. Aparelhos ideológicos de Estado. São Paulo: Martins Fontes, 1970 [1967]. 121p.

ALTHUSSER, L. Posições 1. Rio de Janeiro: Graal, 1978 [1973], 166 p.

ANSART-DERLEN, M. O ressentimento - as modalidades de seu deslocamento nas práticas revolucionárias. Reflexões sobre o uso da violência. In: BRESCIANI, S. ; NAXARA, M. (Orgs.). Memória e (res)sentimento. Campinas: Ed. da Unicamp, 2001. p.351-401.

COURTINE, J-J. A voz do povo. A fala pública, a multidão e as emoções na aurora da era das massas. In: COURTINE, J-J.; PIOVEZANI, C. (Orgs.). História da fala pública. Uma arqueologia dos poderes do discurso. Petrópolis, RJ : Vozes, 2015. p. 261-289.

DALTOÉ, A. da S. As metáforas de Lula: a deriva dos sentidos na língua política. 2011. 219p. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem). PPG/Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre.

DUNKER, C. I. L. Prefácio à edição brasileira. In: ZIZEK, S. Covid-19 e a reinvenção do comunismo. São Paulo: Boitempo, 2020. Versão Online: https://books.google.com.br/books Acesso: 20.09.2020.

FREUD, S. Psicologia das massas e análise do eu. Porto Alegre: L&PM, 2017 [1921]. 172p.

GADET, F; PÊCHEUX, M. O real da língua é o impossível. In: A língua inatingível. O discurso na história da linguística. Campinas: Pontes, 2004 [1981]. p. 51-53.

INDURSKY, F. Que sujeito é este? In: GRIGOLETTO, E.; DE NARDI, F. S.; SILVA SOBRINHO, H. F. (Orgs.). Silêncio, memória, resistência: a política e o político no discurso. Campinas: Pontes, 2019a. p. 79-117.

INDURSKY, F. O mal-estar na política e na cultura brasileiras, hoje. In: MITTMANN, S. ; CAMPOS, L.J. (Orgs.). Análise do discurso: da inquietude ao incômodo lugar. Campinas: Pontes, 2019b. p. 27-41.

INDURSKY, F. Os (des)caminhos do discurso político na contemporaneidade. In: GRIGOLETTO, E.; NARDI, F. DE (Orgs.). A análise do discurso e sua história: avanços e perspectivas. Campinas: Pontes, 2016. p. 65-87.

INDURSKY, F. As outras vozes e as feridas ainda abertas (Posfácio). In: INDURSKY, F. A fala dos quartéis e as outras vozes. 2a ed. rev. ampl. Campinas: Ed. da Unicamp, 2013. p.323-342.

INDURSKY, F. A memória na cena do discurso. In: INDURSKY, F; MITTMANN, S.; FERREIRA, M. C. L. (Orgs.). Memória e história na/da análise do discurso. Campinas: Mercado de Letras, 2011. p.67-89.

INDURSKY, F. Unicidade, desdobramento, fragmentação: a trajetória da noção de sujeito em Análise do Discurso. In: MITTMANN, S.; GRIGOLETTO, E.; CAZARIN, E. A. (Orgs.). Práticas discursivas e identitárias. Sujeito e língua. Porto Alegre: Nova Prova, 2008. p.9-33.

KLEMPERER, V. LTR, la lange du IIIe Reich. Paris: Albin Michel, 1996.

LACLAU, E. A política como construção do impensável. In: CONEIN, B.; COURTINE, J-J.; GADET, F.; MARANDIN, J-M.; PÊCHEUX, M. (Orgs.) Materialidades discursivas. Campinas: Ed. da Unicamp, 2016. p.103-120.

MARX, K. O 18 brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011 ([1851/1852]. 174p.

MBEMBE, A. Necropolítica. São Paulo: n-1 edições, 2018.

MILNER, J-C. O material do esquecimento. In: Usos do esquecimento. Conferências do Colóquio de Royaumont. Campinas: Ed. da Unicamp, 2017. p.81-98.

PÊCHEUX, M. Análise automática do discurso. Trad.: Eni P. Orlandi e Greciely Costa. Campinas: Pontes, 2019 [1969]. 181p.

PÊCHEUX, M. Semântica e discurso. Campinas: Ed. da Unicamp, 1988 [1975]. 317p.

PIOVEZANI, C. Falar em público na política contemporânea. A eloquência pop e popular brasileira na idade da mídia. In: COURTINE, J-J.; PIOVEZANI, C. (Orgs.). Historia da fala pública. Uma arqueologia dos poderes do discurso. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015. p.290-337.

SAFATLE, V. Benvindo ao Estado suicidário. n-1 edições, n.4. http://www.n-1edicoes.org. Acesso em 10.06.2020.

SOUZA, P. Sobre o discurso e o sujeito na voz. Línguas e instrumentos linguísticos. Campinas, n.34, jul./dez. 2014. p. 198-211. Versão eletrônica. Acesso em 15.09.2020.

VIDAL, D. O maldizer. In: CONEIN, B.; COURTINE, J-J.; GADET, F.; MARANDIN, J-M.; PÊCHEUX, M. (Orgs.). Materialidades discursivas. Campinas: Ed. da Unicamp, 2016. p.73-84.

ZOPPI-FONTANA, M. Língua política: modos de dizer na/da política. In: ZANDWAIS, A; ROMÃO, L. M. S. (Orgs.). Leituras do político. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2011. p.65-82.