Compostos e expressões idiomáticas no português brasileiro

Maria Cristina Figueiredo Silva

Resumo

Este trabalho investiga semelhanças e diferenças entre o que se conhece tradicionalmente como compostos e aquilo que se conhece como expressões idiomáticas. Compostos como "saca-rolha(s)" supostamente partilham com expressões idiomáticas como "virar a casaca" o mesmo tipo de estrutura V(erbo)-O(bjeto); no entanto, compostos e expressões idiomáticas também apresentam diferenças claras, por exemplo com respeito à possibilidade de flexão interna ("engoliu sapo", mas não *"guardou-roupa") ou com respeito à presença de um determinante no suposto objeto verbal, possível na expressão idiomática (como em "chutar o balde") mas não nos compostos (como mostra a impossibilidade de *"abre-a(s)-lata(s)"). Essas propriedades serão examinadas à luz da Morfologia Distribuída, avaliando a proposta de Harley (2008) de tratar os compostos como estruturas de incorporação, diferentemente das expressões idiomáticas, que seriam apenas sujeitas a algum processo de reanálise.