A aquisição da escrita e a escrita histórica: da compreensão fonética-ortográfica do século XIX aos nossos dias

Rosicleide Rodrigues GARCIA

Resumo

Por meio da coleta das variações apresentadas em documentos referentes à cidade de Capivari, interior de São Paulo e localidade de pesquisa pertencente ao Projeto Caipira, foi realizado um estudo fonético-fonológico das realizações de variantes da Língua Portuguesa, de modo a explicar de maneira conceitual o motivo de os metaplasmos ainda participarem do processo de articulação linguística. Por meio da documentação histórica e dos registros de nossos dias, perceber-se-á que, mesmo diante da alfabetização e letramento de seus falantes, as mesmas realizações já observadas por Amaral (1920) e demais estudiosos da língua, como Bueno (1967), continuam presentes em nossos tempos, o que demonstra que a afirmação de Amaral de que a escolarização poderia pôr fim ao dialeto caipira não é percebida ainda em nosso século. Desta maneira, o estudo demonstra que a imposição da escrita, por mais efetiva que pareça, não poderá eliminar ações naturais que são efetivadas pelo processo da fala, que, por vezes, acaba incutindo diretamente na escrita; e a pesquisa diacrônica reafirma essa percepção.