Comparação entre características fonológicas da sílaba em transposições ortográficas na escrita infantil e em metáteses na fala infantil

Mirian Verza Amarante; Lourenço Chacon; Maria João dos Reis de Freitas; Geovana Soncin

doi:10.25189/rabralin.v23i2.2218

Comparação entre características fonológicas da sílaba em transposições ortográficas na escrita infantil e em metáteses na fala infantil

Mirian Verza Amarante,

Lourenço Chacon,

Maria João dos Reis de Freitas,

Geovana Soncin

V. 23, N. 2 (2024)
Enviado: out 30, 2023
Publicado: set 9, 2024
DOI 10.25189/rabralin.v23i2.2218

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Resumo

Relações entre características fonológicas da fala e características ortográficas da escrita têm se tornado objeto constante de investigação, principalmente entre estudiosos que buscam entender o aparecimento dos chamados erros ortográficos. Assumindo que características da fala e características da escrita, embora relacionadas, não supõem relação de espelhamento, o presente estudo teve como objetivo observar em que medida transposições ortográficas acompanhariam – ou não – metáteses na fala infantil. Tais fenômenos correspondem a deslocamentos de grafemas e de segmentos de sua posição convencional na palavra para outra posição no interior da palavra. Para tanto, analisamos 44 produções textuais e 52 amostras de fala de crianças e verificamos o aparecimento dos deslocamentos conforme ocorressem sob forma de intersilábicos simples, intersilábicos duplos, intrassilábicos simples e intrassilábicos duplos (Amarante; Chacon, 2022). Posteriormente, comparamos características fonológicas do ponto de onde partiam e de onde chegavam os deslocamentos, a fim de observar se eles resultariam em manutenção, aumento ou redução da complexidade silábica. Na ortografia, as transposições intrassilábicas (75,4%) prevaleceram sobre as intersilábicas (24,6%). Diferentemente, na fala, as metáteses intersilábicas (57,2%) prevaleceram sobre as intrassilábicas (42,8%). Em relação à complexidade silábica, na ortografia, os deslocamentos resultaram em aumento (45,2%), seguido da redução (29,2%) e da manutenção (25,6%) da complexidade. Na fala, as metáteses resultaram em manutenção (45,2%), seguida do aumento (31,4%) e da redução (22,7%). Os resultados sugerem que, embora ocorram relações entre aquisição fonológica e aquisição ortográfica, essas relações não se mostraram como diretas.

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Autoria

Mirian Verza Amarante

Bacharela em Fonoaudiologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Mestre em Fonoaudiologia - Distúrbios da Comunicação Humana - também pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Doutoranda em Estudos Linguísticos, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. É membro da rede internacional de pesquisa Literacies in Different Fields of Knowledge, com financiamento CAPES-PrInt-UNESP (2019-em andamento). Integra, desde 2017, o Grupo de Pesquisa "Estudos sobre a Linguagem", o GPEL, existente desde 1999 e cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. Investiga relações entre ortografia infantil, fonética e fonologia da língua, convenções ortográficas e alfabetização.

Universidade Estadual Paulista

https://orcid.org/0000-0002-0514-5263

Lourenço Chacon

Cursou graduação em Letras Português Francês pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1979), mestrado em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (1985), doutorado em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (1996) e pós-doutorado em Linguística pela University of Florida (1999), apoio FAPESP, e pela Universidade de Lisboa (2012-2013), apoio ProPG/UNESP. É livre-docente em Linguística em Fonoaudiologia pela Universidade Estadual Paulista - campus de Marília - em 2017. É membro da rede internacional de pesquisa Literacies in Different Fields of Knowledge, com financiamento CAPES-PrInt-UNESP (2019-em andamento). É líder do Grupo de Pesquisa "Estudos sobre a Linguagem", o GPEL, existente desde 1999 e cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. Integra, também, o Grupo de Pesquisa "Núcleo de Estudos em Aquisição da Linguagem", o NaLingua, também cadastrado no mesmo Diretório. É pesquisador do Grupo de Trabalho (GT) "Estudos em Aquisição da Linguagem Oral e Escrita" da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL). Suas publicações incluem artigos em periódicos, capítulos de livro e livros, sobre os temas: (1) hesitações na fala infantil e (2) relações entre fonologia e convenções ortográficas na escrita infantil. Atualmente é professor efetivo da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, atuando, nessa Universidade, no curso de graduação em Fonoaudiologia, no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e no Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia.

Universidade Estadual Paulista

https://orcid.org/0000-0001-8000-7672

Maria João dos Reis de Freitas

linguista e pesquisadora no Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, onde é Professora Associada (com o título acadêmico de Agregação) na Faculdade de Letras (FLUL). Possui mestrado em Fonética e Fonologia do Português (1990), doutorado em Aquisição Fonológica (1998) e Agregação em Linguística Portuguesa (2013). Ela é co-autora de capítulos de livros e artigos em periódicos portugueses e internacionais, além de ter organizado livros para divulgação científica nas áreas de aquisição de linguagem e fonologia. Seus estudos atuais, realizados em colaboração com colegas e ex-alunos de mestrado e doutorado, abrangem: (i) a natureza das representações fonológicas infantis; (ii) o papel da constituição fonológica na descrição do desenvolvimento típico e atípico, com conexões com a Linguística Clínica; e (iii) a relação entre o conhecimento fonológico e o desenvolvimento de habilidades metalinguísticas, com conexões com a Linguística Educacional. Ela tem participado de vários projetos de pesquisa, incluindo o PhonBank Project e o Crosslinguistic Child Phonology Project. Suas experiências de ensino incluem cursos e seminários nas áreas de fonologia, aquisição de linguagem e compreensão e produção da fala. Desde 2013, é Diretora do programa de doutorado em Linguística e membro do Conselho Científico da FLUL. Seus interesses de pesquisa incluem fonologia, aquisição de linguagem, linguística clínica e linguística educacional.

Universidade de Lisboa

https://orcid.org/0000-0001-7862-3492

Geovana Soncin

Possui Graduação em Letras (Português-Inglês) pela Universidade Estadual Paulista ?Júlio de Mesquita Filho? (2009), Doutorado em Estudos Linguísticos (2014) pela Universidade Estadual Paulista ?Júlio de Mesquita Filho?, Pós-Doutorado em Linguística (2018) e Pós-Doutorado em Fonoaudiologia (2021) pela mesma universidade. Atualmente, no âmbito do Programa Jovem Pesquisador da FAPESP, é pesquisadora vinculada ao Departamento de Fonoaudiologia da UNESP/ Câmpus de Marília e Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia na UNESP/Marília. Desde 2008, é pesquisadora do Grupo de Pesquisa ?Estudos sobre a Linguagem? (GPEL). Com pesquisas que sempre contaram com financiamento de agências de fomento, especialmente a FAPESP, tem experiência em pesquisa no contexto internacional. Entre 2017 e 2018, trabalhou como pesquisadora na Tilburg University, na Holanda, para desenvolver parte de sua pesquisa de pós-doutoramento no Department of Communication and Cognition. Entre 2012 e 2013, realizou estágio de pesquisa na Université Paris Oueste Nanterre La Défense (Université Paris X) na França, por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Fonética e Fonologia, atuando principalmente na investigação dos seguintes temas: Prosódia; Produção e Percepção da Fala; Aquisição da Linguagem e Aquisição da Escrita.

Universidade Estadual Paulista

https://orcid.org/0000-0003-4903-1919