O problema do autor e a invenção do homem: Foucault, Barthes e a modernidade
Resumo
Este artigo tem como objetivo retomar a discussão em torno do aparecimento-desaparecimento da função autor, propondo uma articulação entre essa problemática e a questão moderna do surgimento do homem. Conforme Foucault, o homem como sujeito do conhecimento e objeto do saber é uma invenção recente na história do Ocidente, cujo aparecimento remete ao distanciamento arqueológico entre as palavras e as coisas. Atravessado pela categoria da história, o ser torna-se aquilo que precisa ser pensado, e isso com base em uma nova composição entre os símbolos e a interpretação. No caso de Barthes, observa-se uma reflexão em torno da formação de uma identidade da figura do autor na medida em que, em uma articulação entre autor e obra, pretende-se fornecer um significado último do texto, como modo de fechamento e de encerramento da escritura. A partir desses dois autores, buscaremos oferecer uma leitura crítica a propósito do reaparecimento da figura do autor na contemporaneidade e apontar para uma relação fundamental entre a construção-desconstrução da categoria de autoria na literatura e a emergência histórica do homem na arqueologia moderna.