A narrativa de vida como materialidade discursiva

Ida Lucia MACHADO

Resumo

Como nova materialidade discursiva propomos as narrativas de vida que podem ser estudadas a partir de certos conceitos da análise do discurso. Neste artigo explicamos o porquê de nossa preferência pelo sintagma narrativa de vida no lugar de outras terminologias, tais como “biografias ou autobiografias”. Entre outras particularidades, acreditamos que a narrativa de vida aparece em diferentes situações e gêneros. Assim, mostraremos sua presença no gênero prefácio, abordando um curioso texto que autodenega seu gênero e onde o sujeito-comunicante (autor) ao desvelar/esconder seu “eu”, graças a seu modo lúdico de escrever, deixa transparecer fagulhas ou lembranças de sua vida longe da fama que seu trabalho lhe trouxe. De modo panorâmico, avaliaremos a situação histórico-conceitual desse sujeito-prefaciador e os meios estratégicos e argumentativos através dos quais ele atua em seu texto, tentando sempre se equilibrar ou se ajustar face ao “outro”, seu leitor, para obter determinados fins.