A case of variable impoverishment in european portuguese

Pilar BARBOSA,
Telma FREIRE

Resumo

Este artigo estuda um caso de concordância variável em português europeu que se verifica numa área circunscrita do Norte de Portugal e tem uma distribuição particular: apenas afeta as formas verbais de Infinitivo Flexionado e do Futuro do Conjuntivo. Apresentam-se os resultados de um série de testes de gramaticalidade e um teste de leitura automonitorizada aplicados a falantes do dialeto relevante, que indicam que o fenómeno em causa não afeta os traços de Pessoa e não pertence à sintaxe estrita. Propõe-se uma anáiise baseada na ideia de que a neutralização dos traços de concordância é o resultado de operações que se aplicam no nível pós-sintático da gramaática. A abordagem adota a proposta de NEViNS e PARROTT (2010), que usa a noção de “regra variável” da sociolinguística variacionista (LABOV, l969) enquanto mecanismo enquadrado no modelo da Morfologia Distribuída (HALLE e MARANTZ, 1993), como forma de explicar a variação inter e intra-individual. A neutralização da concrdância verbal deve-se à aplicação probabilística de uma regra de Empobrecimento que elimina o traço [Plural] dos morfemas de concordância positivamente especificados para este traço. Uma vez que o que os contextos de Infinitivo Flexionado e de Futuro do Conjuntivo têm em comum é o seu expoente, o afixo /-r/, a regra de Empobrecimento deve ser capaz de “ver” a forma do item vocabular inserido no nó T, o que vem confirmar a posição definida em BOBALIJK, 2000 segundo a qual a Inserção Vocabular procede sequencialmente, de baixo para cima.