Este artigo tem por objetivo a realização de uma análise preliminar de sentenças com os verbos
This article aims to articulate a preliminary analysis of clauses with the verbs
É largamente conhecida na área de ensino de português como língua estrangeira (PLE
(1)
a. John is tall.
b. John is happy.
.
Nos contextos em que o predicado é um adjetivo e ambas as cópulas
(2)
a. João é alto.
b. João é feliz.
c. João está alto
d. João está feliz.
Essa forma de entender o uso dos verbos
Exemplo 1:
Fonte: Novo Avenida Brasil, 1: curso básico de português para estrangeiros (LIMA, 2008)
Exemplo 2:
Fonte: Livro
Exemplo 3:
Fonte: Celin-UFPR. 2016.
Como se pode ver, é a qualidade ou o caráter da permanência (ou da não permanência) o critério utilizado para a seleção de uma das cópulas. Porém, esse critério encontra problemas frente a exemplos como os que vemos em (3) a seguir:
(3)
a. A mulher está (*é) morta.
b. A Ilha do Mel está (?é) localizada no litoral do Paraná.
c. O Pedro é (#está) solteiro.
d. O Pedro é (*está) adolescente.
.
Em (3a,b) temos propriedades claramente permanentes, mas a cópula (preferencial pelo menos) é
Vamos nos ater, no presente artigo, à discussão de sentenças como (3b), uma sentença particular porque, embora contenha uma forma participial idêntica à de um adjetivo, tem interpretação locativa. Nosso objetivo último aqui é fornecer subsídios para que os professores de PLE estejam em condições de ajudar seus alunos a entenderem por que
Organizamos este artigo da seguinte forma: na seção 1 vamos iniciar com uma reflexão sobre o uso dos verbos de cópula considerando as noções mais sofisticadas que se encontram na literatura sobre o tema, tais como os conceitos de
Nesta seção, vamos nos concentrar na análise de estruturas locativas acompanhadas pelos verbos de cópula
Ao se deparar com sentenças como:
(4) A Ilha do Mel está localizada no estado do Paraná.
.
alunos de PLE, que receberam a orientação para associar o verbo
Na literatura semântica da área, encontramos noções mais sofisticadas que poderiam ser usadas para descrever a distribuição de
.
“Um estágio é concebido como sendo,
.
Para o autor, esta distinção existe em uma grande variedade de línguas e é possível mostrar que estes dois tipos de predicado se distinguem em vários aspectos, como em construções com advérbios temporais, na complementação de verbos de percepção, em construções existenciais e em construções com locativos.
Com base no estudo de Carlson (1977), Cunha (2004) apresenta alguns testes para distinguir predicados IL de predicados SL em línguas como o português. O interesse desta discussão é que se pode hipotetizar que o uso canônico dos verbos de cópula
O primeiro teste está relacionado ao “perfil” temporal das sentenças e o objetivo é analisar a possibilidade ou impossibilidade de ocorrência com adverbiais que imprimam restrições de nível temporal aos predicados de um ou de outro tipo. De acordo com análises como a de Kratzer (1995 apud CHIERCHIA 1995)
(5)
a. * O João foi alto ontem/durante a semana passada.
b. * Esta mesa foi redonda ontem/desde sábado até terça.
(6)
a. A Maria esteve doente ontem/durante a semana passada.
b. Este livro esteve na minha mesa ontem/desde sábado até terça.
.
O segundo teste está relacionado a processos de quantificação. Observa-se que predicados IL não podem ser quantificados através de operadores que propiciem uma leitura iterativa. Cunha (2004, p. 84) apresenta os seguintes exemplos:
(7)
a. * Sempre que o João é alto, joga basketball.
b. * Esta mesa foi redonda muitas vezes.
(8)
a. Sempre que a Maria está doente, toma chá de limão com mel.
b. Este livro esteve na minha mesa muitas vezes.
.
O terceiro teste envolve expressões locativas. De acordo com Kratzer (1995, apud CHIERCHIA 1995) apenas os predicados SL incluem em sua representação uma variável espaço-temporal, o que leva à hipótese de que somente esses predicados possam se combinar com expressões locativas. Seguem os exemplos (9a,b) e (10a) retirados de Cunha (2004, p. 84) e também o exemplo (10b) traduzido de Carlson (1977, apud CHIERCHIA 1995):
(9)
a. * O João é alto na casa da avó.
b. * Esta mesa é redonda na sala.
(10)
a. O João está contente na escola.
b. O João está sempre doente na França.
.
No entanto, como observa Maienborn (2005, apud CAMACHO 2010)
(11)
a. * A camisa está molhada sobre a cadeira.
b. * Carol está grávida em seu quarto.
.
Adicionalmente, observe-se que podemos ter em português sentenças como:
.
(12) O Jean é feliz no Brasil,
um caso em que aparentemente usamos um predicado IL combinado com um locativo (um
.
(13) O Jean está feliz no Brasil,
que poderia ser classificada como SL, dado o uso da cópula
De qualquer modo, o fato mesmo de não ser claro se a sentença (12) deve ser classificada de modo categórico como sendo IL (pois sua interpretação parece sugerir referência a um período vivido anteriormente fora do Brasil em que Jean não era feliz) faz pensar que a distinção IL/SL pode estar na dependência de fatores contextuais ou, o que é ainda mais delicado, que não é automática a classificação de sentenças com a cópula
Com intuito de analisar o uso dos verbos
O primeiro teste coloca em jogo adverbiais que implementam restriçõesdeníveltemporalàssentenças. Seéverdadequepredicados com a cópula
(14)
a. *A ilha do Mel esteve localizada no Paraná ontem/ durante a semana passada.
b. *A Ilha do Mel estava localizada no Paraná ontem/de terça a sexta passada.
c. *A Ilha do Mel foi localizada no estado do Paraná durante a semana passada.
d. *A Ilha do Mel era localizada no Paraná durante a semana passada.
.
Surpreendentemente, não se verifica nenhuma diferença de gramaticalidade nas sentenças, esteja em jogo a cópula
(14’)
a. A Ilha do Mel esteve localizada no Paraná durante a era glacial.
b. A Ilha do Mel estava localizada no Paraná durante toda a era glacial.
c. ?A Ilha do Mel foi localizada no estado do Paraná durante a era glacial
d. A Ilha do Mel era localizada no Paraná durante toda a era glacial.
.
A ausência de contrastes claros aqui faz pensar que talvez o fenômeno em questão seja pragmático e não semântico (cf. KISS 2015, que discute o mesmo ponto com respeito aos exemplos com predicados adjetivais). Em todo o caso, seja uma coisa ou outra, neste contexto não parece haver diferença entre usar a cópula
O segundo teste utilizado por Cunha (2004) com os predicados adjetivais foi o dos quantificadores de leitura iterativa. Novamente, o que se espera deste teste é que os predicados IL não aceitem quantificação de operadores que promovam leitura iterativa, o que deve ser possível com predicados SL. Contudo, uma vez mais, os resultados do teste estão longe de fornecer um quadro claro do que se passa aqui:
(15)
a. *Sempre que a ilha do Mel é/está localizada, os marinheiros comemoram.
b. *A Ilha do Mel foi/esteve localizada no litoral do Paraná muitas vezes.
c. *A Ilha do Mel era/estava no estado do Paraná muitas vezes.
.
Embora com o verbo
O terceiro teste é o de uso de expressões locativas. Ora, a sentença em análise contém uma expressão locativa (
(16)
a. A Ilha do Mel está localizada no Estado do Paraná (*pelos marinheiros).
b. ?A Ilha do Mel é localizada no Estado do Paraná (*pelos marinheiros).
c. A Ilha do Mel fica localizada no Estado do Paraná (*pelos marinheiros).
.
Notemos primeiramente a impossibilidade da presença de um agente em qualquer das três sentenças, pelo menos quando a cópula está no presente. A própria insensibilidade da construção às diferentes cópulas nos leva a pensar que é o fato de utilizarmos uma forma adjetival que é igualmente um particípio verbal o que licencia a construção com as características que ela tem. Assim, vamos nos debruçar a seguir sobre a forma participial.
Acabamos de ver que a sentença em estudo (4), submetida aos mesmos testes que os predicados adjetivos em (14), (15) e (16), não chega a se definir claramente quanto às suas propriedades de predicado SL ou IL. Contudo, ainda podemos aplicar a ela outros testes para verificar se é estativa a construção “
De acordo com Cunha (2004, p. 198), as construções com “
(17)
a. Os vidros estão partidos.
b. O carro está estacionado.
c. A casa está pintada. (
18)
a. O Zé está desmaiado.
b. O muro está caído.
c. As árvores estão floridas.
.
Poderíamos pensar que as estruturas formadas por
(19)
a. A ilha está localizada. (Estado resultativo com verbo transitivo).
b. O João está morto. (Estado resultativo com verbo inacusativo).
.
Observe que as sentenças em (19) podem aceitar um locativo, como mostra a gramaticalidade das sentenças em (20) a seguir:
(20)
a. A ilha está localizada no mapa.
b. João está morto no hospital.
.
Todavia, não é claro que estamos falando nos dois casos do mesmo processo de localização (cf. a discussão dos exemplos (11) sobre a diferença de um verdadeiro locativo e um modificador do tipo
(21)
a. A ilha do Mel se localiza no litoral do Paraná.
b. A ilha tem seu lugar identificado no mapa.
.
Portanto, a possibilidade ou não de uma leitura resultativa parece ser independente da estrutura que estamos examinando.
Kratzer (2000, apud MEDEIROS, 2008)
(22)
a. Os caramelos ainda estão escondidos.
b. A casa (*ainda) está construída.
.
Como mostra (23), a nossa sentença de (4) também não pode coocorrer com o advérbio
.
(23) A ilha do mel (#ainda) está localizada no litoral do Paraná.
.
Somos levados à conclusão, assim, de que a sentença em (4) não é um exemplo de passiva adjetival. E dada a especificidade desta sentença, talvez seja interessante fazer uma análise morfológica mínima tanto do verbo
1. Pôr em lugar certo.
2. Determinar o lugar (em que uma coisa se passa ou em que há de ficar).
3. Impedir que se estenda, que se propague; circunscrever.
O significado que parece estar em jogo no caso do exemplo (4) é o segundo, o que quer dizer que a forma participial teria o significado aproximado de “ter determinado o seu local”.
Além disso, como nota Lemle (2002), os verbos com o sufixo -
(24)
a. A polícia localizou o carro roubado (na periferia da cidade).
b. O carro roubado foi localizado pela polícia (na periferia da cidade).
c. * O carro roubado localizou.
d. O carro roubado está localizado (*pela polícia).
e. ? O carro roubado está localizado na periferia da cidade.
.
Os exemplos (24d,e) revelam uma outra propriedade dos verbos em -
(25)
a. * O assunto começou a ficar polemizado (na semana passada).
b. * O carro começou a ser localizado pela polícia (ontem).
c. * A ilha começou a estar localizada (no século passado).
.
Que implicações têm essas observações para a análise das sentenças em (24d,e)? Primeiramente, notemos que a sentença (24d) é gramatical mas apenas com a suposta interpretação resultativa, como vimos na discussão de (19a), (20a) e (21b). Na interpretação locativa que temos em (4) a sentença seria agramatical sem o sintagmapreposicionallocativo. Contudo, mesmocomestesintagma expresso, como em (24e), a sentença é marginal, o que pode ser explicado pelo fato de
Ora, se a presença do sintagma preposicional locativo é crucial para a gramaticalidade da construção em (4), precisamos agora entender o que exatamente rege a distribuição de locativos nas sentenças com
Da discussão promovida até aqui, as noções de IL e SL, apesar de serem mais bem fundadas teoricamente, não parecem ser suficientes para oferecer um tratamento adequado para a sentença foco deste trabalho; além disso, apenas a análise da forma participial
Vamos por isso olhar agora o que a literatura da área tem a nos dizer sobre a distribuição das cópulas
Segundo Camacho (2010), em espanhol, vários são os contextos em que não é possível trocar uma cópula por outra; com predicados identificacionais ou predicados nominais (isto é, DPs) e como auxiliar de passivas verbais, apenas
(26)
a. A coordenadora é (*está) ela.
b. O João é (*está) o coordenador do projeto.
c. A Maria foi (*esteve) entrevistada pelo IBOPE.
.
Por outro lado, apenas
(27)
a. O Pedro está (*é) cantando.
b. O Pedro está (*é) a cantar.
c. O Pedro está (*é) de babá hoje.
.
A princípio, esses são os contextos mais fáceis para ensinar aos alunos de PLE, já que não há opção: num certo conjunto de casos usa- se
Contextos em que se usa apenas ser | Contextos em que se usa apenas estar |
1. Com predicados nominais | 1. Como auxiliar em tempos verbais progressivos: estar + gerúndio em PB |
2. Nas sentenças de voz passiva | 2. Com predicados nominais antecedidos da preposição de. |
Quando estão em jogo predicados adjetivais ou preposicionais, a situação já é mais delicada, mas ainda assim existem contextos em que apenas uma das cópulas pode ser selecionada - ou
(28)
a. O Pedro está (*é) arruinado.
b. O Pedro está (*é) cansado.
c. O filtro está (*é) cheio.
d. A Maria está (*é) grávida.
.
Por outro lado, há casos em que apenas
(29)
a. O homem é (*está) mortal.
b. Esse problema é (*está) transitório.
c. O Pedro é (*está) inteligente.
.
É importante fazer notar aqui que, embora em alguns desses exemplos realmente esteja em jogo o contraste entre propriedade permanente
Também o caso da combinação dessas cópulas com predicados preposicionais oferece dificuldades. É fato que há contextos que não admitem qualquer opção, sendo favorecida a seleção da cópula
(30)
a. O anel é (*está) de ouro.
b. Pedro é (*está) de São Paulo.
c. O vestido é (*está) de listras.
d. A Maria está (*é) com uma amiga.
.
Ainda mais complicado é o caso da distribuição das cópulas em construções locativas. De acordo com Zagona (2010, apud CAMACHO, 2010)
(31)
a. Pedro está (*é) no Egito.
b. Esse presente é (*está) para Pedro.
.
Em (31a), temos em jogo a interpretação de localização, caso em que apenas
Finalmente, Camacho (2010) chama nossa atenção para outra particularidade das construções com locativos: nos casos em que os sujeitos devam ser interpretados como um evento,
(32)
a. La fiesta es/#está en la discoteca.
b. La pelota está/*es en la mesa. ‘A bola está/*é na mesa’.
.
Esse conjunto de observações também pode ser apresentado em um quadro como o que vai abaixo:
Contextos em que se usa apenas ser | Contextos em que se usa apenas estar |
1. Com predicados adjetivais como mortal, transitório e inteligente | 1. Como predicados adjetivais como cansado, arruinado e grávida |
2. Com sintagmas preposicionais encabeçados pela preposição de | 2. Com sintagmas preposicionais encabeçados pela preposição com |
3. Com sintagmas preposicionais locativos que expressam trajetória | 3. Com sintagmas preposicionais locativos que expressam localização genuína |
4. Em sentenças locativas em que o sujeito é um nominal eventivo | 4. Em sentenças locativas em que o sujeito é um nominal referencial |
Como é largamente sabido, há contextos em que tanto a seleção da cópula
33)
a. A Maria é/está bonita.
b. O Rio é/está quente.
c. A farmácia é/está na esquina.
d. A Ilha do Mel ?é/está localizada no litoral do Paraná.
.
Com respeito aos exemplos em (33c,d), há uma observação adicional de Camacho (2010), segundo a qual, no caso de construções que expressam localização, nota-se uma correlação entre a cópula selecionada e a animacidade do sujeito, isto é, sujeitos inanimados podem escolher tanto
(34)
a. A farmácia é/está ali na esquina.
b. Pedro está (*é) em São Paulo.
.
Esta última generalização apresentada por Camacho (2010) nos parece particularmente interessante para o caso da nossa sentença (4), dada a discussão que encerrou a seção 1 acima. Na verdade, talvez possamos ser mais precisos na formulação da generalização pertinente: sintagmas nominais que exibam o traço aspectual [estado estável] são possíveis em construções locativas com
A razão para este estado de coisas será objeto da próxima seção, que conclui a discussão sobre as propriedades das cópulas
Contextos em que podem ser usados ambos os verbos de cópula – ser e estar |
---|
1. Com predicados adjetivais (de uma certa natureza, ainda a precisar) Exemplos: a. Pedro é feliz. / b. Pedro está feliz. |
2. Com locativos (de significação locativa estrita) desde que com sujeito dotado do traço aspectual [estado estável]. Exemplos: a. A farmácia é na esquina. / b. A farmácia está na esquina. |
3. Referindo-se a estados civis (com particípios adjetivais) Exemplos: a. Pedro é casado. / b. Pedro está casado. (É possível que essas frases sejam casos de coerção aspectual – cf. MARQUES e BASSO, 2017) |
A nossa incursão na literatura gerativista sobre a distribuição das cópulas
1. a classe de sintagmas nominais que
2. existe também um contraste entre as preposições que indicam localização e aquelas que indicam trajetória (
3. a animacidade ou, mais precisamente, a propriedade aspectual de [estado estável] do sintagma nominal sujeito desempenha um papel importante na seleção das cópulas: um sintagma nominal que exiba esta propriedade aspectual é compatível tanto com
Esta última observação é um pouco surpreendente, se tomarmos seriamente a análise tradicional que atribui a
Neste ponto é necessário fazer uso de alguma hipótese mais propriamente semântica: como supõem Schmitt e Miller (2007, p. 1913), é possível que tenhamos que reconhecer dois tipos distintos de predicados estativos, ao lado de admitir que há uma dimensão pragmática na escolha das cópulas que deve ainda ser considerada.
Para essas autoras, a estatividade pode vir de duas fontes diferentes: um predicado é estativo ou porque é atemporal (cf. BACH 1981, apud SCHMITT & MILLER, 2007)
ESTADOS têm a propriedade do subintervalo, que diz basicamente que sempre que um estado é verdadeiro num intervalo aberto I, ele é verdadeiro em qualqr subintervalo aberto I’ de I.
Nesse quadro teórico,
Voltando à sentença foco do nosso estudo, somos levadas a concluir que este é um caso em que a implicatura de que a propriedade não é válida sempre não é desencadeada - possivelmente, o subintervalo I’ é tomado como idêntico ao intervalo I. É digno de nota o fato de que a sentença possui vários elementos apontando para a interpretação de estabilidade da propriedade: seu sujeito é um sintagma nominal referencial [inanimado] ou, mais precisamente [estado estável]; o tempo verbal da sentença, o presente, exibe aspecto não pontual, ou durativo; e a presença do particípio do verbo
Finalmente, essa análise faz a predição de que também a cópula
(35)
a. A Ilha do Mel está localizada no estado do Paraná
b. ? A Ilha do Mel é localizada no estado do Paraná
c. ? A Ilha do Mel está no estado do Paraná
d. A Ilha do Mel é no estado do Paraná
.
Concluímos esse estudo destacando que ensinar e aprender a distribuição dos verbos
O segundo exemplo também procura dar orientações gerais, mas esbarra na mesma dificuldade apresentada pelo exemplo 1. Vemos que o item 5, o qual atribui a interpretação de caráter permanente ao verbo
O exemplo 3 coloca os professores diante de uma situação ainda mais complexa para explicar quando se usa um e outro verbo. Ali se pede para que os alunos associem os termos “permanente” = P e “não permanente” = N-P a algumas sentenças. No entanto, aí está a dificuldade, pois sentenças que falam sobre estados civis trazem complicações inesperadas para a análise e exigem observação do contexto situacional; este é o caso de “Ele é casado” e “Eles estão separados”, além de outras situações.
Diante disso tudo, atribuir a qualidade de “permanente” e “não permanente” aos verbos
Como vemos acima, esses verbos possuem uma área de interseção que significa que todos podem ser usados, ou apenas dois deles, embora possa existir alguma diferença de interpretação na escolha de um ou outro. No entanto, existem situações que apenas um deles pode ser usado ou apenas um deles forma sentenças gramaticalmente possíveis. A área indicada pela letra “A” refere-se a situações em que
(36)
a. Esse vestido está bem em você.
b. Esse vestido fica bem em você.
.
Por seu turno, pode-se perguntar se a interseção entre
Salientamos que, como tudo nas aulas de língua estrangeira, a exploração dos verbos de cópula nas aulas de PLE deve procurar aproveitar momentos em que tais verbos aparecem nos conteúdos propostos e que sejam destacadas as condições contextuais, tanto aquelas referentes aos outros elementos frasais quanto aquelas referentes ao contexto situacional e pragmático.
Vamos finalizar este estudo com uma proposta de atividade/ exercício para explorar os verbos de cópula no ensino de PLE para estudantes de nível básico. Entendemos que essa proposta será parte de um caderno de exercícios como apoio ou para estudos de sistematização caso os alunos solicitem ou sintam necessidade deles. Frisamos aqui que as explicações de tópicos gramaticais precisam ser inseridasemocasiõesapropriados: integradasaotrabalhocomtextos, como preparação para a produção de tarefas de produção de textos ou quando solicitadas pelos estudantes, entre outras situações. Na proposta a seguir incluímos alguns usos, mas evidentemente existem outros tantos que podem ser exploradas como: problemas de saúde (
Os verbos
Observamos que elementos presentes na sentença influenciam na construção geral do seu sentido. De acordo com Cunha (2004, p. 116), podemos verificar “uma interdependência entre os vários elementos que dão corpo à predicação, e não a sua actuação de forma isolada”. Pudemos ver também, na subseção 3.2, que também a constituição do sujeito poderá contribuir ou interferir na escolha dos verbos de cópula. Assim, componentes lexicais podem influenciar ou desempenhar papéis modificadores em relação à constituição ou a caracterização aspectual da sentença.
Nosso estudo aqui nos conduziu a várias generalizações interessantes, porque a construção que foi guia do estudo colocava em jogo o verbo
Finalizamos destacando a importância de uma formação mais propriamente teórica para os professores de PLE, de modo que seja possível para eles oferecer um tratamento adequado para os contextos de uso dos verbos
Neste trabalho vamos adotar a nomenclatura PLE, para fazer referência ao ensino de português (brasileiro) para alunos que não têm essa língua como língua materna, ou primeira língua.
Exemplos retirados da
Neste texto nos referimos aos verbos
É preciso dizer que esta sentença, para ser natural, exige um contexto específico, como quando falamos de uma criança que não vemos há tempos.
No decorrer deste artigo utilizaremos os símbolos de praxe em literatura gerativista para marcar o estatuto de gramaticalidade/aceitabilidade das sentenças: * = agramatical/ inaceitável; ? = uso possível, mas com restrições, ou uso não canônico; # = sentença dialetal ou pragmaticamente marcada.
CARLSON, G. A unified analysis of the English bare plural.
“A stage is conceived of as being, roughly, a spatially and temporally bound manifestation of something [...] An individual, then, is (at least) that whatever-it-is that ties a series of stages together to make them stages of the same thing.”
KRATZER, Angelika. Stage-level and Individual-level Predicates. In : G. CARLSON e F. PELLETIER (eds.),
MAIENBORN, Claudia. A Discourse-Based Account of Spanish ser/estar.
A sentença é perfeita se for interpretada como uma passiva verbal (localizou-se a ilha no mapa, por exemplo) e é talvez essa interferência que torna a sentença marginal com a interpretação relevante para a discussão no corpo do texto.
Kratzer, A. (2000) Building Statives. Disponível em https://semanticsarchive.net/Archive/ GI5MmI0M/kratzer.building.statives.pdf. Acesso em 04/11/2018.
ZAGONA, Karen. Ser and Estar: Phrase structure and aspect.
O autor utiliza o símbolo # sem qualquer comentário; entendemos que este diacrítico está sendo utilizado como de praxe na literatura, significando que a sentença poderia ser aceitável num contexto pragmático especial ou num dialeto específico, mas que não é bem formada em geral.
BACH, E. Nontransfomational syntax.
SMITH, C.