A formação pluriétnica do português brasileiro e sua consequente miscigenação linguística têm incitado, desde o início da década de 60, estudiosos da área a descrever peculiaridades dos dialetos que aqui coexistem. A análise do mosaico linguístico brasileiro, já evidenciado por inúmeros estudos dialetais, enriquece-se ainda mais com o advento da Sociolinguística e dos estudos sobre atitudes e crenças linguísticas, incluindo-se outros fatores como idade, sexo, escolaridade, posição social e as atitudes dos falantes proporcionando, assim, uma compreensão mais bem delineada da variação e mudança linguísticas.
Movidos por coerções sociais e pelo próprio caráter de heterogeneidade da língua, os indivíduos delegam às variedades linguísticas e, em primeira instância, a seus falantes, sentimentos que vão desde a afetividade até a desvalorização, uma vez que “a avaliação de inferioridade ou de superioridade conferida a algum aspecto linguístico está associada aos valores sociais e não às características inerentes à linguagem” (Leite, 2011:18). O impacto de tais atitudes pode provocar a disseminação, o menor uso ou, até mesmo, a extinção de uma variante. Ademais, pode revelar padrões sociais do contexto em que seus usuários estão inseridos, já que “uma variedade lingüística vale o que valem os seus falantes, isto é, vale como reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e sociais” (GNERRE, 1994:6).
Alguns estudos recentes sobre o [y]
Ademais é fato que o desenvolvimento social de cidades interioranas do sul de Minas Gerais, de Goiás, de São Paulo e do Paraná, focos da variante retroflexa, vem impulsionando uma nova cultura caipira, ou seja, aquela advinda, na maioria das vezes, dos rodeios e de seus participantes que, apesar de trazerem marcas dos caipiras de outrora, ocupam, não raramente, lugares sociais privilegiados, não andam mais de carroças, mas de carros e camionetas do ano, não usam mais roupas remendadas pelo gasto do tempo, mas, sim, orientadas pela moda. E, principalmente, não fazem delongas ao utilizar seu /r/ caipira. Ao lado disso, o forte crescimento de duplas sertanejas e de pessoas famosas detentoras desse rótico, ajudam, gradativamente, na manutenção e quiçá na difusão do /r/ retroflexo. Com a finalidade de entender e sistematizar esse possível cenário paradoxal acerca do [y], empreendemos, em 2012, uma pesquisa que, além de verificar a sua distribuição espácio-social em coda silábica, analisou, com base na proposta dos psicólogos sociais Lamber; Lambert (1968)
Em nosso meio, é amplamente disseminado o fato de que existem línguas, dialetos e variedades que representam classes sociais mais elevadas ou prestigiadas, característica que lhes incute, na maior parte das vezes, um lugar privilegiado na escala social, ou seja, maior
A noção de identidade está ligada, por sua vez, à consciência linguística, ou seja, o falante precisa ter a capacidade de conhecer, bem como de distinguir as diferenças que englobam a língua, ou as variedades que o rodeiam. Barbosa (2002:22) apropriando-se de Scherfer (1982) defende que a consciência linguística “está ligada à língua, pelo poder de objetivação que esta comporta e pelas categorias de descrição que coloca à disposição”, uma vez que é “pela língua que expressões de forma fixa, de caráter comum e estereotipado podem ser transmitidas eficazmente”. Para López Morales (1993) a escolha de uma variante em detrimento de outra supõe, pelo menos, duas hipóteses: a primeira é a de que o falante reconheça à existência das duas variedades, já, a segunda remete à
De acordo com Labov (2008 [1972]), podemos classificar as avaliações sociais direcionadas para as variedades linguísticas em três categorias: os indicadores, os marcadores e os estereótipos. Os primeiros são os traços linguísticos que incidem na variação social, mas que, na maioria das vezes, não estão no nível de consciência dos falantes, ou seja, pouco influenciam no julgamento que fazem diante de uma variedade ou de seu usuário. Ao contrário, os marcadores são traços presentes na variação social e na estilística que exercem uma influência significativa na avaliação de um falante e de sua variedade. Quando esses marcadores são muito notáveis, ou seja, perceptíveis pelo indivíduo e pela sociedade, temos, então, a consolidação do estereótipo e seu consequente impacto social na comunidade de fala
caso haja uma forte reação social contra esses traços linguísticos, essa reação pode desencadear “um rápido processo de eliminação e, consequentemente, o seu desaparecimento. Por outro lado, caso o grupo ou comunidade de fala que faça uso de tais traços passem a ser avaliados positivamente, e obtenha notoriedade na sociedade, o movimento contrário pode ocorrer, e o traço linguístico antes estigmatizado pode se tornar alvo de avaliações positivas, chegando mesmo a ser copiado (Leite, 2011:111).
Com base nos postulados sobre atitudes linguísticas, aqui apresentados, procuramos neste artigo evidenciar quais são as atitudes manifestadas pelos informantes em questão, bem como verificar de que forma elas podem interferir na vitalidade do /r/ caipira.
Os dados e resultados apresentados neste artigo fazem parte da pesquisa de mestrado de Silva (2012). Tal estudo intitulado
Na oportunidade, foi investigada a dinamicidade e a distribuição do /r/ retroflexo, nos municípios de Frutal, Campina Verde, Iturama, Ituiutaba, Prata e Uberlândia, todos situados no Triângulo Mineiro, analisadas em tempo aparente e real, a partir da comparação de dois
Ademais, a fim de verificar se a realização da variante retroflexa está condicionada ou não às crenças e atitudes, foram colocados para audição dos 24 informantes entrevistados duas gravações de um texto lido por um par de locutores diferentes e, na sequência, aplicado um questionário, baseado no método-teórico dos psicólogos sociais Lambert; Lambert (1968).
Vale lembrar que esses estudiosos analisaram atitudes linguísticas por meio de um artifício denominado técnica dos
Neste trabalho, com as devidas adequações, utilizamos um método semelhante ao desses pesquisadores: solicitamos a dois informantes homens com idades e profissões semelhantes, um natural do interior do Paraná, que apresenta como característica o /r/ retroflexo e outro da região da Zona da Mata de Minas Gerais cujo rótico é o /r/ glotal
Os dados levantados, nas seis localidades, excetuando-se a queda de /r/, somam um total de 556 róticos, distribuídos entre 512 ocorrências da variante retroflexa (93%) e 44 da glotal (07%). Nosso estudo em tempo real ratificou, dessa forma, a estabilidade e a predominância do /r/ retroflexo no Triângulo Mineiro conforme já apontavam os dados do EALMG, em 1977. Verificamos, no entanto, a incursão do /r/ glotal, não mapeada pelo atlas, mas presente, hoje, em todas as cidades, seja em maior ou menor grau.
O questionário utilizado para esta parte da pesquisa, conforme já mencionamos, versa sobre aspectos físicos, sociais e morais dos locutores, sendo um com a marca do /r/ caipira (falante 1) e outro com a do /r/ glotal (falante 2). As características avaliadas podem ser divididas em quatro grupos, de acordo com o exposto:
(i) física e psíquica: esta pessoa que você ouviu é feia; (...) é inteligente;
(ii) ligadas à fala: essa pessoa que você ouviu sente vergonha de falar assim; (...) fala corretamente;
(iii) sociais: esta pessoa que você ouviu é estudada; (...) é atrasada, (...) sofre preconceito social;
(iv) atitudinais/morais: esta pessoa que você ouviu é grossa; (...) é trabalhadora; (...) ajuda os outros quando precisam; (...) dá valor aos ensinamentos dos pais, é de confiança.
O questionário apresentado aos entrevistados era composto por duas opções de resposta: concordo ou discordo. Além das questões explicitadas, propúnhamos uma pergunta direta sobre a profissão exercida pelos donos das vozes que eles ouviam.
A análise geral dos dados revelou que as questões referentes às peculiaridades físicas e psíquicas (grupo I) não desencadearam diferenças, pois 46% dos informantes acreditam que tanto o falante do /r/ retroflexo quanto o do/r/ glotal é feio e 96% concordam que os dois são inteligentes. Em virtude disso, analisamos os resultados obtidos mediante os demais grupos de características.
No gráfico 1, apresentamos os números relacionados com as respostas dadas às demais perguntas.
Q.03: esta pessoa que você ouviu sente vergonha de falar assim; Q.04: fala corretamente; Q.05: é estudada; Q.06: sofre preconceito social; Q.07: é atrasada; Q.08: é grossa; Q.09: é trabalhadora; Q.10: ajuda os outros quando precisam; Q.11: engana os outros; Q.12: dá valor aos ensinamentos do pai; Q.13: é de confiança.
A aparente estabilidade entre as opiniões começa a tomar outra forma quando entram em pauta as peculiaridades ligadas à maneira de falar dos informantes, uma vez que 13% deles concordam que o falante 2 sente vergonha da sua fala e 88% pensam que ele fala corretamente, enquanto que as respostas dadas ao falante do /r/ caipira (falante 1) atingem, respectivamente, 17% e 63%.
Nas questões seguintes, isto é, naquelas referentes às características sociais, reunidas no grupo III, registramos, ainda, uma depreciação maior dirigida ao falante 1, pois, na opinião dos informantes, ele tem menos estudo (75%), sofre mais preconceito social (46%) e parece ser uma pessoa mais atrasada (21%) quando comparado ao falante detentor do /r/ glotal que foi, unanimemente (100%), caracterizado como alguém estudado e acometido de menos preconceito (13%) e atraso (13%) social.
Resultados inversos, porém, foram obtidos nas perguntas relacionadas aos aspectos atitudinais e morais dos donos das falas. As respostas, dessa vez, apontaram que o desprestígio antes atribuído ao falante 1 recai sobre o outro. Vejamos:
· Questão 08: apenas 17 % acreditam que o falante do /r/ retroflexo seja uma pessoa grossa, tal porcentagem sobe para 42% quando tratamos do falante do /r/ glotal;
· Questão 09: menos pessoas pensam que este falante (do /r/ glotal) é trabalhador (80%), em contrapartida, um número maior (88%) ajuíza o mesmo em relação ao falante 1;
· Questão 10: somente metade dos entrevistados (50%) concorda que o falante 2 ajuda os outros quando precisam; esse número cresce para 85% quando se trata do falante 1;
· Questão11: poucos informantes (17%) julgam o falante possuidor do [y] como alguém que engana os outros, mais pessoas (50%), no entanto, avaliam dessa forma o falante do [h];
· Questão 12: a alta porcentagem de 88% revela que os indivíduos pensam que o falante 1 dá mais valor aos ensinamentos dos pais frente ao falante 2 (63%);
· Questão.13: uma diferença significativa aponta, ainda, que este é visto como uma pessoa de menos confiança (42%) que aquele (80%).
Conforme o exposto, constatamos que o falante detentor do /r/ retroflexo é avaliado negativamente quando estão em pauta assuntos relacionados diretamente à sua fala e a questões sociais. Contudo, quando se trata de aspectos morais, registramos que a avaliação é positiva. Tal resultado é, ainda, ratificado mediante a análise das profissões atribuídas aos falantes dispostas no quadro 1.
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Agricultor | 03 | Advogado | 07 |
Comerciante | 02 | Médico | 04 |
Estudante | 02 | Professor | 02 |
Locutor | 02 | Agricultor | 02 |
Advogado | 01 | Gerente | 02 |
Auxiliar de escritório | 01 | Empresário | 01 |
Balconista | 01 | Locutor | 01 |
Empacotador | 01 | Açougueiro | 01 |
Entrevistador | 01 | Ator | 01 |
Funcionário Público | 01 | Jornalista | 01 |
Mecânico | 01 | Publicitário | 01 |
Médico | 01 | Não respondeu | 01 |
Operário | 01 | ||
Pedreiro | 01 | ||
Repórter | 01 | ||
Serviços gerais | 01 | ||
Trabalhador rural | 01 | ||
Vendedor | 01 | ||
Não respondeu | 01 | ||
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Por meio desse quadro, é possível verificar que as profissões mais bem avaliadas socialmente foram, em maior número, atribuídas ao falante do /r/ glotal, pois 29% dos entrevistados acreditam que se trata de um advogado e 17% pensam que ele é médico. Na realidade, salvo as citações de açougueiro e agricultor que atingem 12,5% das respostas, os demais ofícios (37,5%) requerem ensino superior, ou, no mínimo, um grau de instrução mediano. Ao agrupar os números, constatamos que as funções mais prestigiadas perfazem o total de 83,5% das respostas, as menos prestigiadas 12,5% e 4% representam abstenções de reposta.
Quando analisamos os cargos indicados para o falante do /r/ caipira, os resultados são contrários, ou seja, 58% dos informantes atribuem a esse falante profissões que não exigem níveis altos de escolaridade, tais como agricultor, balconista, empacotador, mecânico, trabalhador rural, pedreiro, entre outros. Registramos, apenas, uma ocorrência para médico e uma para advogado que somam apenas 8%. Houve 4% de abstenção de resposta e 30% referem-se a ocupações que, supostamente, são mediadas pelo estudo, como, por exemplo, entrevistador, funcionário público, locutor e assim por diante.
Vale lembrar que a maior parte dos entrevistados desta pesquisa compõe um universo de pessoas simples, com baixo poder aquisitivo e nível de escolaridade, alguns estudaram apenas um ano durante a vida toda. Além disso, todos eles exercem profissões que não exigem um grau elevado de especialização, como as de motorista, faxineira, balconista, doméstica, pedreiro, entre outras. Em face disso e dos resultados obtidos nesta parte da pesquisa, enfatizamos a presença hipotética do sentimento de identidade dos informantes para com o falante do /r/ retroflexo. Outro fator importante que provavelmente influenciou os dados diz respeito à possível identificação linguística dos entrevistados com o falante do /r/ caipira, haja vista que esse é o rótico característico da fala do Triângulo Mineiro.
Com base nesse cenário, pudemos detectar, igualmente, a presença dos componentes da atitude linguística citados por Gómez Molina (1998), a saber: o componente cognitivo, no qual intervêm os conhecimentos e pré-julgamentos dos falantes, tais como as crenças, a consciência sociolinguística, os estereótipos, entre outros; o componente afetivo, baseado em juízos de valor acerca das características da fala e, por fim; o componente conativo que reflete a tendência a reagir perante dado contexto.
Em suma, os resultados e os índices obtidos por meio das questões analisadas possibilitam conjecturar que existe entre os informantes uma consciência sociolinguística da marca que recobre a variante caipira, ou seja, subjetivamente eles acreditam que esse traço fonético é próprio de uma pessoa mais simples, menos estudada, possuidora de fala menos correta, mas que, por outro lado, ajuda, trabalha, respeita mais e engana menos seu semelhante. Tal resultado pode estar associado ao estereótipo do caipira cristalizado culturalmente em nossa sociedade, isto é, o de uma pessoa mais honesta, humilde e confiável. Em outros termos, podemos inferir que eles atribuem ao falante 1 qualidades positivas que creem internalizadas em si mesmos, desencadeando dessa forma um processo de lealdade linguística.
Ademais, acreditamos que a predominância, mesmo passadas mais de três décadas entre um
O sentimento de identidade que supomos atuar em nossos resultados pode estar relacionado ao que Labov (1976) denomina de prestígio encoberto (
O novo
as formas linguísticas socialmente desvalorizadas podem assumir uma função de garantir a identidade do indivíduo com um determinado grupo social. Isto é, são formas partilhadas no interior de um grupo e assinaladoras da sua individualidade. Se um indivíduo quer integrar o grupo, deve partilhar também, além das suas idéias e atitudes, a linguagem valorizada por esse grupo. Neste caso, determinadas formas de linguagem passam a possuir um
Guiotti (2002) chega a um resultado semelhante ao estudar o retroflexo na cidade de São José do Rio Preto. Apesar de verificar um
Além dos indícios que as atitudes dos informantes apontam em relação ao /r/ retroflexo, outras variáveis extralinguísticas consideradas na pesquisa, como o sexo, por exemplo, auxiliam na compreensão dos dados. No caso deste trabalho, verificamos que, embora numericamente as diferenças se mostrem pouco expressivas, os jovens (94%) são mais sensíveis à utilização do [y] quando comparados com os informantes da segunda faixa etária (90%). Guiotti (2002), com base em dados da fala de São José do Rio Preto –SP apura, também, que o [y] é executado fortemente entre os informantes jovens.
Dessa forma, podemos inferir que a variável faixa etária desencadeia maior fidelidade dos jovens em relação ao seu rótico. Resultado que pode estar atrelado à nova configuração do caipira, já comentada, somada ao crescente número de personalidades famosas que não se constrangem ao utilizar o
Os resultados da pesquisa dialetológica vinculados aos do estudo sobre as atitudes linguísticas dos nossos informantes mineiros possibilitam afirmar que, ao contrário do que previa Amaral (1982 [1920]), o /r/ retroflexo, uma das marcas mais autênticas do dialeto caipira, não está em vias de desaparecimento. Podemos asseverar, mediante estudo em tempo aparente, que tal variante tende a ser mantida entre os falantes do Triângulo Mineiro, pois foi registrada na fala de todos os informantes, independentemente da idade, com incidência maior entre os jovens que são, por excelência, os propulsionadores de mudanças linguísticas.
Ademais, os dados revelam a existência do estigma, meramente no sentido de marca, acerca do /r/ retroflexo envolto no estereótipo do caipira. Porém, a relação de identidade linguística e, quiçá, de prestígio encoberto dos informantes para com a variante retroflexa demonstram, somado ao plano horizontal que expusemos, que o estigma não interfere em sua produtividade.
Além disso, faz-se necessário realizar pesquisas mais abrangentes que enfatizem conceitos e padrões referentes às atitudes linguísticas das comunidades de fala, bem como seja levada em consideração a imagem do caipira na sociedade atual. Só assim poderemos comprovar se o
Finalizando, esperamos com esta pesquisa abrir espaço para que futuros estudos pautados nesse tema façam um levantamento sobre como a sociedade vê o atual caipira e a importância que sua figura emite, principalmente, no universo jovem. Talvez um trabalho que leve em consideração esse quesito demonstre com mais propriedade o curso de vida da variante caipira e nos permita lançar uma previsão oposta a de Amaral (1982 [1920]):
AGUILERA, Vanderci de Andrade.
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AMARAL, Amadeu.
BARBOSA, Adriana de Oliveira.
BERGAMASCHI, Maria C. Zandomeneghi.
BOTASSINI, Jacqueline O. M.
BRANDÃO, Silvia Figueiredo.
CALVET, Louis Jean.
CASTRO, Vandersí Sant’ Ana.
FAGGION, Carmem Maria.
FROSI, Vitalina Maria; FAGGION, Carmem Maria; DAL CORNO, Giselle Olivia Mantovani.
GÓMEZ MOLINA, José Ramón.
GNERRE, Maurizio.
GUIOTTI, Luciana. Prudente.
HEAD, Franklin Brian. O estudo do r-caipira no contexto social
LABOV, William.
LAMBERT, William W; LAMBERT, Wallace E.
LEITE, Cândida Mara Brito.
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LÓPEZ MORALES, Humberto.
MORENO FERNÁNDEZ, Francisco.
PAIVA, Maria da Conceição. A variável gênero/sexo. In: MOLLICA, Maria Cecília; BRAGA, Maria Luiza. (orgs.).
RIBEIRO, José et.al.
RONCARATI, Cláudia.
SCHERFER, P.
SILVA, Helen Cristina da.
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TARALLO, Fernando Luiz.
THUN, Harald.
Recebido em 22/01/2015 e Aceito em 10/06/2015.
[...] “As atitudes influenciam decisamente nos processos de variação e mudança linguística que ocorrem nas comunidades de fala. Uma atitude favorável ou positiva pode fazer com que uma mudança linguística se cumpra mais rapidamente, que em certos contextos predomine o uso de uma língua em detrimento de outra, que o ensino aprendizagem de uma língua estrangeira seja mais eficaz, que certas variantes linguísticas se confinem a contextos menos formais e outras predominem nos estilos cuidados. Uma atitude desfavorável ou negativa pode levar ao abandono e ao esquecimento de uma língua ou impedir a difusão de uma variante ou de uma mudança linguística”(Tradução nossa).
Ressaltamos que o símbolo [y] e as denominações variante caipira, /r/ caipira e variante retroflexa serão utilizadas, ao longo desta dissertação, para referenciar, com o mesmo valor de verdade, o /r/ retroflexo.
Em 1920, ano de publicação de
O Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) trata-se de projeto nacional e interinstitucional, com sede na Universidade Federal da Bahia, sob a presidência da Drª. Suzana Alice Marcelino Cardoso e dirigido por um Comitê Nacional formado por pesquisadores de universidades de oito estados. O Projeto ALiB visa descrever a variante brasileira da língua portuguesa nos níveis fonético-fonológico, semântico-lexical e morfossintático, por meio da aplicação de questionários a informantes de todo território nacional, para, assim, formar um banco de dados para a elaboração de um Atlas Linguístico de âmbito nacional. Recentemente, em outubro de 2014, foram publicados dois volumes do ALiB, um de caráter introdutório e outro composto por cartas linguísticas com dados colhidos nas capitais brasileiras.
Para Labov (2008 [1972]:176), essa técnica é [...] “o instrumento básico agora amplamente utilizado para o estudo de reações subjetivas à linguagem [...]. Essas atitudes não emergem de forma sistemática se a pessoa for questionada diretamente sobre os dialetos, mas se ela fizer dois conjuntos de julgamentos de personalidade sobre o mesmo falante usando duas formas diferentes da língua,
No trabalho de Silva (2010) intitulado
Neste trabalho, adotamos a definição de comunidade de fala proposta por Moreno Fernández (1998:19): “una comunidade de habla está formada por un conjunto de hablantes que comparten efectivamente, al menos, una lengua, pero que, además, comparten unas mismas actitudes linguísticas, unas mismas reglas de uso, un mismo critério a la hora de valorar socialmente los hechos lingüísticos, unos mismos patrones sociolinguísticos”. “Uma comunidade de fala está formada por um conjunto de falantes que compartilham efetivamente, ao menos, uma língua, mas que, além disso, compartilham as mesmas atitudes linguísticas, as mesmas regras de uso, um mesmo critério ao avaliar socialmente fatos linguísticos, os mesmos padrões sociolinguísticos” (Tradução nossa).
Trata-se de seis cartas mistas que apresentam ocorrências do /r/ retroflexo. São elas: 2 -
Compõem-se dos dados colhidos,
Optamos por trabalhar com essas duas variantes porque tanto os dados recentes coletados pelo ALiB-PR, quanto os do EALMG, demonstram que, na região Sul, incluindo o Triângulo Mineiro, o /r/, apesar de ser na maioria dos casos predominante, encontra-se em concorrência com outros róticos, sobretudo, com o glotal.
O texto em questão trata-se de o
Esta ficha, com adaptações, foi retirada do trabalho de Bergamaschi (2006) que trata, de atitudes linguísticas, respaldada, também, no método de Lambert ; Lambert (1968).
Para uma leitura completa dos resultados dessa pesquisa, consultar SILVA, 2012:283-304”.